Neste domingo (14), às 16h, quando a bola rolar no Pacaembu, o Grêmio encontrará um velho conhecido: Luiz Felipe Scolari, o Felipão. Multicampeão defendendo o clube gaúcho, o treinador retornou ao país após quatro vitoriosos anos no futebol chinês. Pelo Palmeiras, onde foi campeão da América e bicampeão da Copa do Brasil, Felipão chegou à semifinal da Libertadores — enfrenta o Boca Juniors nos dias 24 e 31— e lidera o Brasileirão.
A reportagem listou três motivos de por que Felipão deve ser temido. Confira:
1) Defesa sólida
Desde que assumiu o cargo, no final de julho, o técnico Luiz Felipe Scolari organizou o Palmeiras defensivamente. Em 20 jogos sob seu comando, incluindo o primeiro, em que o auxiliar Paulo Turra ficou à beira do gramado, a equipe sofreu apenas seis gols. Com Felipão, a defesa virou uma fortaleza quase indevassável.
2) Estratégia tática
Felipão valoriza muito o trabalho da sua comissão técnica. A participação do ex-zagueiro Paulo Turra, da equipe de análise de desempenho tornou o Palmeiras um time eficiente do ponto de vista tático e mostrou um técnico atualizado. Turra, aliás, é um capítulo à parte nesta nova Era Felipão. Campeão gaúcho pelo Caxias em 2000 e com experiências como técnico no próprio Caxias e Cianorte, do Paraná, ele virou o braço direito do técnico.
3) Jogadores motivados
Apesar da fama de turrão, Felipão faz excelente gestão do grupo. Segundo relato dos repórteres que acompanham oa rotina do Palmeiras, conversas individuais são comuns nos treinos. Com isso, alguns nomes, como Dudu, cresceram depois da chegada do técnico.
A solidez defensiva é a principal marca do Palmeiras de Felipão. Desde que o técnico assumiu, em julho, o Palmeiras trocou a posse da bola dos tempos de Roger Machado pelo futebol de resultados. A estratégia parece até simples de ser executada: zaga muito bem protegida e busca pelo gol através do contra-ataque, da bola parada e da ligação direta. Além disso, o time não se constrange em jogar feio caso seja necessário. Se há algo que o Grêmio deve temer neste domingo é que virou uma epopeia fazer gol no time de Felipão, tamanha é a sua solidez defensiva.
Os números mostram o sucesso dessa estratégia defensiva. Em 20 jogos, incluindo Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão, o Palmeiras levou apenas seis gols. Nos 40 jogos oficiais sob a batuta de Roger, foram 31 gols sofridos. A média caiu de 0,7 para 0,3 gol por jogo. Outra face do jogo defensivo está nos desarmes. O time paulista lidera esse ranking no Brasileirão.
— O Felipão mudou o espírito do Palmeiras. Se antes o time de Roger era elogiado pela técnica, mesmo que ainda faltasse regularidade, com ele sobre competitividade. Não foi por acaso que a equipe se classificou à semifinal da Libertadores com tranquilidade no confronto com o Colo-Colo e abriu vantagem na liderança do Brasileirão, algo que parecia quase impossível há dois meses. O Felipão encaixou a defesa — avalia o repórter Felipe Zito, setorista do Palmeiras para o site globoesporte.com.
O repórter Gustavo Zupak, da Rádio Globo, de São Paulo, corrobora a análise do colega:– O Palmeiras hoje atua de maneira mais compacta, mais protegida e com índices interessantes, como o maior número de desarmes no Brasileirão desde a chegada do Felipão. Ou menor número de finalizações sofridas no mesmo período. Isso mostra que, além da qualidade técnica, o time tem hoje um grau de concentração e competitividade difíceis de serem igualados.
Ainda hoje, Felipão carrega o fardo de ter sido o técnico no 7 a 1 para a Alemanha, na Copa de 2014. Apesar disso, em três meses no Palmeiras, vem se mostrando atualizado. Segundo os jornalistas que acompanham o dia a dia do clube, ele ouve muito sua comissão técnica sobre questões táticos, em especial o auxiliar Paulo Turra. Dessa forma, uma das armas do time passou a ser a estratégia.
— Alguns críticos apontavam que o Felipão não havia se atualizado, estaria ultrapassado ou parado no tempo. Mas, olhando o trabalho dele no dia a dia, dá para ver que é o contrário. Para isso, usa sua comissão técnica. Ele tem no Paulo Turra um cara que o auxilia muito na parte tática. O Carlos Pracidelli (ex-treinador de goleiros) veio para ocupar a lacuna deixada pelo Murtosa (ex-auxiliar de Felipão). É como um conselheiro, um braço direito. O Felipão tem comandado os treinos com auxílio dos dois. E ele ainda usa muito os dados dos analistas de desempenho. Também tem o Andrey Lopes, o Cebola, ex-auxiliar do Dunga na Seleção Brasileira, e membro da comissão permanente montada pelo clube — relata o repórter Eduardo de Meneses, da ESPN.
Os jogadores parecem ter abraçado o trabalho de Felipão. E o técnico mantém o estilo paizão. As conversas individuais são frequentes e fizeram alguns atletas elevarem o rendimento. O que faz sobressair o sucesso na gestão do grupo.
— É algo parecido com o que se viu no Grêmio do Renato Portaluppi. O Felipão conseguiu que todos aderissem aos seus métodos e às suas propostas através do ambiente. Havia uma certa desconfiança nos momentos finais do trabalho de Roger. O Felipão chegou abraçando o grupo, que rapidamente respondeu. Uma simbiose foi observada, e o Palmeiras decolou — descreve Zupak.