O final de ano se anuncia para o Grêmio tão iluminado quanto o gol marcado por Everton, aos 47 minutos do segundo tempo da partida contra o Fluminense, sábado (29). Ao deixar o estádio Nilton Santos, no Rio, com a vitória por 1 a 0, o time incluiu-se de forma definitiva no grupo dos postulantes ao título brasileiro, a 11 jogos do encerramento da competição. Ao mesmo tempo, desfruta da privilegiada condição de poder classificar-se para a fase semifinal da Libertadores até com derrota por placar mínimo para o argentino Tucumán, amanhã, na Arena, por ter vencido por 2 a 0 o jogo de ida.
Com uma base formada há três anos, o Grêmio, com justiça, gera em seus torcedores a expectativa de que o ano seja encerrado com mais um título. Para Renato, o bom desempenho nas duas competições é reflexo da política de preservação dos titulares em jogos do Brasileiro marcados próximos aos da Libertadores.
— O Grêmio não é um clube que joga uma vez por semana, joga a cada três dias. O desgaste é muito grande — explicou o técnico, antes de fazer uma comparação com a temporada de 2017, em que a mesma estratégia foi adotada, mas não funcionou a pleno. — No ano passado, eu tinha um problema que as pessoas ainda não se tocaram. Jogamos com muitos garotos da base porque tínhamos muitos profissionais no departamento médico. O time alternativo entrava desentrosado e não tinha a experiência necessária.
Como o tema da equipe alternativa seguiu na entrevista coletiva, Renato avançou na comparação entre o que é feito pelo Grêmio e pelos demais clubes. Numa crítica aos cronistas, disse que os resultados obtidos ao longo do período em que comanda a equipe falam por si. E fez uma previsão sombria para quem decidiu não preservar titulares em algum momento das competições.
— Todo ano surgem os especialistas, os gênios do futebol, dizendo que tem de jogar sempre com a mesma equipe. Eu respeito a opinião, mas pergunto: já jogaram futebol, sabem como o corpo fica se jogar a cada três dias? — provocou o treinador. — O Grêmio não conquista nada à toa. Temos uma logística desde 2016 e estamos conquistando. A conta vai chegar num momento difícil para quem jogou sempre com a mesma equipe.
Para se consolidar no grupo dos primeiros colocados do Brasileirão, o Grêmio soube aproveitar a fragilidade dos adversários e obteve três vitórias em sequência, contra Paraná, Ceará e Fluminense. Caso se classifique às semifinais da Libertadores, poderá usar os titulares duas vezes antes do primeiro jogo contra River Plate ou Independiente, que só ocorrerá dia 24 de outubro. Sábado, dia 6, enfrentará na Arena um Bahia que luta para se distanciar da zona de rebaixamento. Uma semana depois, o adversário será o Palmeiras, um concorrente ao título, em jogo marcado para o Pacaembu.
Na partida contra o Tucumán, Thaciano deverá atuar como volante ao lado de Cícero, já que Maicon cumprirá suspensão. No ataque, Alisson e Thonny Anderson passam a disputar uma vaga. Para a torcida, o mais importante, porém, é que Everton estará em campo. Sábado, ele recebeu demorados elogios de Renato.
— Não é por nada que ele está na Seleção Brasileira. Está lá merecidamente. Tem se destacado em todos os sentidos na nossa equipe. E o maior prêmio é o reconhecimento de Tite em convocá-lo. Everton tem apenas 22 anos e um futuro muito grande pela frente — ressaltou o treinador.
Ao sair de campo, Everton explicou a forma como foi construído seu gol:
— Foi no improviso. Eu ia bater girando, mas o goleiro estava em cima e tive que improvisar. Fui muito feliz.
Mais tarde, já ao deixar o estádio, o atacante falou de forma um pouco mais demorada sobre o momento que vive na carreira. Na temporada, já são 17 gols, o que o torna um jogador cada vez mais valorizado.
— É uma temporada especial, não só em questão de números, mas por manter regularidade, jogar em alto nível. Isso é importante para quem sonha em ser jogador de Seleção Brasileira — disse.