O coração de Lucas Barrios, 33 anos, fica dividido antes de Grêmio e Palmeiras. Com passagem pelos dois clubes, o argentino naturalizado paraguaio reluta, por alguns segundos, em dizer se tem preferência na partida da noite desta quarta-feira, na Arena.
Por fim, rende-se a dois sólidos argumentos para pender pelo time de Renato Portaluppi. A primeira razão é de cunho emocional, embora o centroavante ainda conserve fortes laços com o Palmeiras, cujos jogadores encontrou em abril, na capital argentina, na véspera do jogo contra o Boca Juniors.
— Tenho muito carinho pelo Grêmio. Foi aí que ganhei o título mais importante da minha carreira — rende-se Barrios, por telefone, a GaúchaZH, direto de Buenos Aires, antes de embarcar com a família em férias para os Estados Unidos.
Não foi pequena sua contribuição no tri continental, conquistado em Lanús, na noite de 29 de novembro. Mesmo atrapalhado pelas lesões, Barrios, hoje no Argentinos Juniors, clube que formou estrelas como Maradona e Riquelme, marcou seis gols na Libertadores.
Garantiu outros cinco na Copa do Brasil, da qual foi um dos goleadores. Antes de deixar o Grêmio, no final da temporada, somava 18 gols.
A segunda razão que faz Barrios visualizar maiores chances de uma vitória do Grêmio é de ordem técnica.
— Everton está em grande fase. É o jogador que pode dar o plus ao Grêmio. Pode ser a chave para abrir as portas do Palmeiras — aposta o centroavante. — Fico muito feliz pelo seu momento. No ano passado, sempre o instruía a não desistir, apesar da forte concorrência.
Barrios também vê na torcida do Grêmio, "muito participativa", um importantes diferencial para hoje. Confessa sentir saudades de Porto Alegre e nega qualquer mágoa pela forma com que saiu do clube, logo depois do Mundial nos Emirados Árabes. Mesmo de longe, acompanha o ex-clube.
— O Grêmio encanta não são só pelos resultados. Tem muita posse de bola também. Será um grande jogo. O Palmeiras teve uma grande atuação contra o São Paulo. É preciso ter cuidado com Willian e a velocidade de Dudu — recomenda.
A conversa com Zero Hora avança além de Grêmio e Palmeiras. Questionado sobre o confronto entre Grêmio e Estudiantes-ARG, pelas oitavas de final da Libertadores, em agosto, Lucas Barrios começa por tranquilizar a torcida quanto ao cenário que será encontrado pelo time no jogo de ida. Em nada ele pode ser comparado ao ambiente hostil de 1983, ano da Batalha de La Plata, a histórica semifinal da primeira Libertadores conquistada pelo Grêmio.
— O estádio (Ciudad de La Plata) é muito bom. Oferece total segurança. Joguei lá na Copa América (em 2011, pelo Paraguai) — afirma. O alerta que fica é quanto ao próprio adversário.
— O Estudiantes é um time copeiro. Ganhou Libertadores recentemente. Se prepara diferente nessas horas. Mas o Grêmio sabe que estes jogos são complicados. Não sei se é favorito para o tetra, mas vai brigar pelo título — acredita Barrios, que, pelo Argentinos Juniors, enfrentou o Estudiantes neste ano, pela Superliga Argentina.