Discreto, educado e acessível, Antônio Carlos Verardi, 84 anos a comemorar agora em 1º de junho, tem 53 anos de Grêmio, onde chegou em 1965 a convite do patrono Fernando Kroeff, de quem era funcionário na Celulose Cambará.
Neste período, passaram pelo Grêmio 19 presidentes, e Verardi está lá firme e forte. Viu os principais títulos do Grêmio, presenciou craques surgirem, craques sucumbirem, mas nunca precisou levantar a voz para ser respeitado.
Hoje, todos falam em gestão de pessoas, em executivo de futebol, em gerente de logística, mas Verardi, como supervisor de futebol, sempre fez isso tudo sozinho, com o apoio da Verinha, sua fiel escudeira. Contratos, registros na Federação e na CBF, logística de treinos, jogos e viagens, divisão dos quartos em hotéis, tudo tinha o comando dele.
São cinco passaportes, três voltas ao mundo em viagens com o Grêmio — só ao Japão, foi cinco vezes. Criou no Grêmio um manual de comportamento para os jogadores, sendo proibido, entre outras coisas, comprar moto para evitar riscos de acidente.
Em 2010, seu Verardi foi falar com o presidente Duda Kroeff, a quem tinha conhecido pequenininho na Celulose Cambará.
— Estou com vontade de parar...
Não terminou a frase, e Duda sentenciou:
— Entraste aqui com o meu pai, não vai ser comigo que vais sair.
Seu Verardi sempre foi referência. Dias atrás, fui visitá-lo. Estava ao telefone e determinou a um atleta:
— Não sobe aqui. Vai treinar, o Renato te espera.
A pessoa insistiu, e Verardi foi o de sempre. Duro, mas com a solução:
— Cortez, vai treinar, já fiz tua inscrição para a Libertadores com a camisa 12, ok?
Certa vez, depois de fazer o check-in dos jogadores no aeroporto, viu que sua pasta com o dinheiro do Grêmio e seu passaporte havia sumido. Impedido de viajar, ia saindo quando surgiu Renato:
— Seu Verardi, achei sua pasta ali atrás da coluna.
Era uma sacanagem dos jogadores, feita com alguém que eles adoram. Seu Verardi sabe da sua importância para o Grêmio e do respeito que o clube tem por ele. Em breve, lançará, no mercado, seu livro de memórias. Presidente Romildo, seu Verardi merece uma placa na Arena, homenagem a quem dedicou a vida ao Grêmio.