Mais de 400 dias depois de sua última partida pelo Grêmio, o maestro Douglas começa a vislumbrar a volta aos gramados. Com um misto de otimismo e cautela, preparadores físicos e médicos projetam a retomada da carreira do meia de 36 anos. Uma informação extraoficial aponta o mês de maio como data provável.
Douglas sofreu ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo na manhã de 8 de fevereiro de 2017, durante um treinamento no CT Luiz Carvalho. Três dias antes, havia atuado na derrota por 2 a 1 para o Caxias, no Centenário pelo Gauchão. A cena em que é carregado erguido nos braços de dois funcionários até o vestiário, sem conseguir apoiar no solo o pé esquerdo, é impactante por se tratar de um jogador que havia acabado o ano anterior como o melhor jogador do Grêmio na Copa do Brasil vencida pelo clube.
Douglas aceitou com resignação o diagnóstico que previa seis meses de parada. Até sofrer um novo golpe, no início de outubro, quando um problema no enxerto colocado no joelho operado em fevereiro força nova cirurgia. Naquele momento, tanto ele quanto a comissão técnica já alimentavam a esperança de que pudesse participar dos jogos semifinais da Libertadores, contra o Barcelona-EQU. Foi o pior período, que o levou a pensar em aposentadoria.
— Várias vezes isso passou pela minha cabeça. Você não sabe se vai voltar 100%, principalmente depois da segunda lesão. Quando soube da notícia passou muita coisa na cabeça. Mas ainda sou novo, assisto aos jogos e tem muita gente ruim jogando. Então consigo voltar bem — disse, em uma rara entrevista, ao Saia de Redação, um programa do site Gauchazh.
Mesmo que nenhum detalhe após os procedimentos cirúrgicos tenha sido deixado de lado, há cuidado em não se fixar datas para que o futebol vistoso do meia, apelidado de pifador pela precisão das assistências, possa ser visto de novo.
— Não trabalhamos com previsões específicas de prazo para a volta. Respeitaremos o ritmo de evolução apresentada pelo atleta — informa o preparador físico Rogério Dias.
Cumprido o protocolo de parada recomendado depois da segunda cirurgia, Douglas realiza trabalhos físicos analíticos e técnicos coordenados pelos fisioterapeutas do clube. Como o trabalho foi limitado, obteve um ganho de peso pós-operatório que Rogério Dias considera normal. É visto diariamente no gramado do CT Luiz Carvalho, mas ainda sem condições de participar de atividades em grupo, que poderiam oferecer risco a sua integridade física.
— O protocolo de recuperação já é direcionado desta forma. O trabalho é feito progressivamente — complementa Rogério.
Ainda que já tenha completado 36 anos e venha de duas cirurgias consecutivas, Douglas, cujo contrato se encerra em dezembro, não fala em encerramento de carreira. Amigos falam de sua "cabeça boa" e da confiança para quando voltar a jogar. O médico Paulo Rabaldo aponta uma sólida razão para que ele possa prolongar por bom tempo as atividades dentro de campo.
— Até os 35 anos, Douglas não teve nenhuma lesão grave, nem muscular. Tem um DNA muito bom, uma ótima bagagem genética como atleta. E isso oferece uma boa perspectiva de longevidade na carreira — diz o médico.
A retomada em alto nível talvez ocorra no início do segundo semestre. Douglas terá nova oportunidade de comprovar sua utilidade e, quem sabe, ganhar uma nova renovação de contrato e encerrar a carreira no clube.
— Se o Grêmio quiser, sim— disse ao Saia de Redação.
414 dias de espera
5/2/2017
Douglas disputa sua última partida pelo Grêmio, a derrota por 2 a 1 para o Caxias, no Centenário, pelo Gauchão
8/2/2017
Em dividida com o atacante TIlica, sofre ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo
5/10/2017
Exame de imagem aponta lesão no enxerto colocado no ligamento operado em fevereiro. Passa por nova cirurgia. É visitado no hospital pelos jogadores Danilo Fernandes e Edenilson, do Inter
19/2/2018
Volta a realizar corridas leves
Douglas e o Grêmio
235 jogos
42 gols