Não faltará tempero brasileiro na comida que será servida aos jogadores do Grêmio durante os onze dias de permanência nos Emirados Árabes em busca do bicampeonato mundial, com embarque previsto para 11h15min desta quarta (6).
Cozinheiro da Seleção Brasileira há duas décadas, o gaúcho Jaime Maciel, 60 anos, foi o reforço extracampo obtido de última hora na mais importante viagem do clube desde 1995, ano da disputa do título intercontinental contra o holandês Ajax, no Japão. Mesmo que seja apenas para receber um breve aceno de Renato Portaluppi e seus comandados, como ocorreu no recente embarque à Argentina, cerca de três mil torcedores deverão comparecer ao aeroporto para se despedirem da delegação.
Acertar com Jaime Maciel, em uma negociação que precisou da autorização da CBF, foi um dos incontáveis detalhes que o supervisor Marcelo Rudolph precisou resolver desde 2 de novembro. Naquele dia, menos de 24 horas após a segunda partida contra o Barcelona-EQU, pelas semifinais da Libertadores, Rudolph recebeu autorização para dar início ao projeto Emirados Árabes.
Como ainda havia o Lanús no meio do caminho, o Grêmio desenvolveu em completo sigilo toda a sua logística, para não passar a impressão de que já se considerava campeão da Libertadores. O mapeamento consumiu 10 dias e só foi revelado em meio à festa pelo tri, no Estádio de La Fortaleza.
No dia 3 de novembro, acompanhado de Rodrigo Ernesto, da empresa de logística Off Side, contratada para organizar as viagens do Grêmio na Libertadores, Rudolph embarcou para Abu Dhabi. Lá, checou os locais de treinamento e hospedagem já credenciados pela Fifa, analisou as condições climáticas e organizou um relatório entregue à direção e à comissão técnica dia 10, quando voltou.
— Desde que estou no clube, foi nossa maior operação e também o maior desafio pelo curto espaço de tempo de preparação— diz Rudolph, de olho na tela do computador, papeis espalhados sobre a mesa, na sala que divide com Pedro Aguiar, no CT, e que confessa não ter conseguido dormir mais do que três horas nos últimos dias.
O voo que parte nesta quarta do Salgado Filho conduzirá uma delegação composta por 53 pessoas, sendo 23 jogadores. Também levará 1,6 tonelada de bagagem, distribuídas em 70 unidades, que ainda receberão os últimos itens pela manhã, enquanto Renato Portaluppi estiver comandando o último treinamento, no CT Luiz Carvalho. Serão camisetas, material de filmagem e fisioterapia, equipamento de treinamento e jogos, além das bolsas de mão de cada jogador.
Embora toda a delegação parta no mesmo horário, ela será distribuída em dois voos a partir de São Paulo, um com escala em Londres e outro em Frankfurt. Antes dessa divisão de grupos, todos os jogadores almoçarão juntos em um hotel perto do aeroporto de Guarulhos. Como os dois voos consumirão 30,5 horas cada, os jogadores usarão meias de compressão, que facilitam a circulação sanguínea, um alívio para que permanecerá sentado a maior parte do tempo.
Quando a delegação chegar em Al-Ain, às 17h45min de amanhã, pelo horário brasileiro (23h45min locais), desfrutará de uma agradável temperatura de 20º, típica das noites desta época do ano, e será recepcionada no Hotel Rotana com a primeira refeição brasileira preparada por Jaime Maciel. Ao lado de Katiuce Borges, nutricionista do Grêmio, e de Rodrigo Ernesto, ad Off Side, ele tinha chegada prevista para esta quarta nos Emirados Árabes.
Depois disso, a ordem, dentro das dificuldades impostas por um fuso horário de seis horas, é tentar dormir para enfrentar o primeiro treinamento na tarde de sexta-feira. Serão sete, até o dia 16, data em que, se tudo funcionar como sonham jogadores e torcida, o Grêmio pisará o gramado do Zayed Sports City Stadium para encarar Cristiano Ronaldo e, dentro da brincadeira que viralizou, acabar com o planeta.