Após 90 minutos de muita disputa, brigas e reclamações sobre a arbitragem do chileno Julio Bascuñan, que não marcou um pênalti claro sobre Jael nos minutos finais, o Grêmio levará vantagem de 1 a 0 para a grande decisão da Libertadores contra o Lanús na próxima quarta-feira, na Argentina.
Mas, para conquistar o tri da América, a equipe treinada por Renato Portaluppi terá de encarar um ambiente de pressão intensa com o grito de de 40 mil torcedores adversários no La Fortaleza, um estádio que tem a arquibancada a poucos metros do gramado. Veja o que nove treinadores consultados por ZH projetam para a final.
Foi justa a vitória do Grêmio no primeiro jogo com o Lanús?
Muricy Ramalho - O Grêmio, no primeiro tempo, não se encontrou. O Lanús tem um esquema de jogo com toque de bola qualificado, que o Grêmio não conseguiu marcar. E eles também tiveram chance de abrir o placar. No intervalo, o Renato ajustou a marcação e conseguiu controlar melhor a saída de bola adversária. A partir daí, dominou o jogo e fez o gol. Por isso, o resultado foi justo.
Jorginho - Foi justa sim, principalmente pelo segundo tempo. O Grêmio buscou o tempo todo o jogo, o Lanús ficou só se defendendo. Acho que deveria ter sido, pelo menos, uns 2 a 0. Porque o pênalti foi claríssimo, um absurdo o árbitro não ter dado o pênalti. Acho que foi merecida a vitória, apesar de saber que o Lanús é boa equipe, inteligente na forma de jogar.
Argel - Um jogo encardido, duro e difícil. Foi justo o resultado, penso que 1 a 0 em final é goleada. É decisão de Libertadores, teve muito pouca chance de gol para os dois lados. O Lanús teve duas e o Grêmio também duas, sendo que uma delas aproveitou. O gol veio em um momento que não estava jogando bem e premiou as duas substituições do Renato. Ele tem estrela.
Ricardo Drubscky - O Grêmio foi muito merecedor da vitória. Para nós brasileiros, de forma geral, foi surpreendente ver tudo o que o que o Lanús fez, jogando muito bem na Arena do Grêmio. Foi um jogo extremamente parelho, que teve momentos bons para os dois lados. Também por tudo que tem feito neste ano, o Grêmio foi merecedor desta vitória em casa na decisão.
Cléber Xavier - No primeiro tempo, o Lanús foi melhor. Marcou forte e criou duas chances claras. Na segunda etapa, o Grêmio jogou mais no campo do Lanús e teve no Edilson seu jogador mais ofensivo. O Grêmio foi efetivo, o Lanús abdicou de atacar, ficando com a posse e parando o jogo. Demorando nas reposições para evitar a pressão. Portanto, o resultado foi justo.
Vinícius Eutrópio - O resultado aconteceu em função da estratégia do Grêmio, que era de não se expor. O mais importante era não tomar o gol em casa, embora a final da Libertadores não tenha saldo qualificado. E também teve o mérito de respeitar a característica ofensiva do Lanús. A vitória foi justa em cima do que o Grêmio se propôs, uma partida com uma equipe difícil.
Hélio dos Anjos - Para mim, foi um resultado justo. Um jogo equilibrado, em que o Grêmio conseguiu se impor ao Lanús no segundo tempo. O Renato foi muito feliz nas substituições e também na estratégia para encarar essa decisão. É um mata-mata em Libertadores, um jogo de imposição física também. E o Grêmio usou esta condição para fazer gol em um adversário muito duro.
Sebastião Lazaroni - Pelo futebol apresentado pelo Grêmio, principalmente no segundo tempo, a vitória nesse primeiro jogo foi justa. O time teve volume de jogo contra um adversário bem armado e, também, um pênalti muito claro que não foi marcado. Com isso, a vitória poderia ter sido mais confortável para o jogo decisivo.
Rogério Lourenço - Acredito que sim, pois o time, jogando em casa, buscou atuar no campo de ataque do adversário durante a maior parte do tempo e, mesmo enfrentando um adversário bem equilibrado, teve boas chances, fez o gol e ainda teve um pênalti a seu favor não marcado.
Qual é o tamanho da vantagem de 1 a 0? É suficiente para a partida na Argentina?
Muricy Ramalho - Fora de casa, o Lanús tem dificuldade de jogar. Mas em casa se supera e é muito forte. Foi assim contra o San Lorenzo e o River nesta Libertadores. Será um jogo duríssimo, o Grêmio vai ter que escolher uma estratégia boa. Eles têm um estilo de jogo diferente, amplia o campo com o toque de bola e também com ataque forte. O Grêmio terá que estudar bem o que fará.
Jorginho - Lá não vai ser fácil. Não tenha dúvida que a vitória foi importantíssima. Eles vão pressionar, mas qualquer gol que eles tomem começa a dificultar muito para eles. Vencer foi importante, mas lá será pressão total. Os jogadores vão sentir isso assim que chegarem ao estádio, a torcida fecha a rua inteira e tem que passar no meio da galera. Pressão muito grande.
Argel - O Grêmio tem que se preparar para uma guerra. Conhecendo times argentinos e vendo o que foi o jogo aqui, usaram esta tática para incendiar a partida da volta. Isso é bem o estilo deles. O estádio lá vai ser um caldeirão, a arquibancada fica muito perto do campo e isso gera muita pressão. É tão apertado quanto a Bombonera. Vai ser um jogo mais encardido ainda.
Ricardo Drubscky - O Grêmio é copeiro, tem muita história. Penso que é um time credenciado a ganhar de qualquer outra equipe, tanto dentro como fora de casa. Assim como o Lanús veio e jogou muito bem na Arena, o Grêmio também pode fazer isso na Argentina. E, quem sabe, até encontre caminhos melhores para fazer gols lá. É um time que tem plenas condições de vencer.
Cléber Xavier - Penso que o Grêmio conquistou uma vantagem importantíssima aqui na Arena. Na Argentina, terá a oportunidade de jogar por dois resultados e, ainda por cima, uma derrota simples ainda não o elimina da disputa pelo título. Mas, sem dúvidas, terá que jogar mais do que mostrou em Porto Alegre. Não só com a bola, mas também sem ela.
Vinícius Eutrópio - Vai muito da proposta que os times vão ter lá. O Grêmio, se souber usar bem a transição com Luan e jogadores de velocidade, pode sustentar a vantagem sim. E, por isso, faria o Lanús se expor mais por propor o jogo no campo do Grêmio. Isso daria condição ao Grêmio para bloquear a parte central do campo e tentar se aproveitar do contra-ataque na Argentina.
Hélio dos Anjos - É uma grande vantagem em se tratando de uma decisão de Libertadores. Ir para o segundo jogo fora de casa com o placar na frente é muito importante. O Grêmio entrará em campo sabendo que estará ganhando o jogo. E, neste ano, tem tido um ótimo desempenho fora de casa. Tem méritos por não abdicar de suas características quando joga fora da Arena.
Sebastião Lazaroni - Qualquer vantagem em um jogo de ida e volta é considerável. Serão mais 90 minutos onde o Grêmio precisará de muita personalidade, isso será fundamental para que saia com o título. O Lanús será, novamente, um time difícil de ser combatido, muito duro, pois leva como inspiração a semifinal contra o River Plate, em que também precisaram reverter o placar.
Rogério Lourenço - Num duelo mata-mata, conseguir vencer em casa e, ainda por cima, não sofrer gols, gera uma vantagem considerável para a próxima partida. É claro que o Grêmio não pode ir à Argentina pensando apenas em se defender, até porque marcando um gol lá, obriga o Lanús a fazer três para se classificar. O Renato vai armar seu time para jogar com inteligência, sem fugir de suas características para sair com o título.
O quanto o "clima de batalha" em Lanús pode ser decisivo nesta final?
Muricy Ramalho - Não foi bom acabar o jogo na Arena daquela forma, com aquele empurra-empurra. É o tipo de partida que o argentino gosta de guerrear. E quando o Grêmio fez o gol, parou o jogo. Isso não foi bom para o Grêmio. Era tudo que o Lanús queria, uma chance para que o adversário faça isso. O Grêmio terá de estar preparado. A pressão que terá na Argentina será enorme.
Jorginho - O Grêmio tem jogadores experientes, acostumados com este tipo de situação. O importante é não acontecer o que ocorreu na Arena, desta coisa de ficar entrando e brigando. Isso não vai adiantar. Briga não adianta, vai ter que ser frio neste momento. O Grêmio tem tudo para ganhar este título, que, para nós brasileiros, será muito bom. É importante ganhar de argentinos.
Argel - Eles vão usar as armas que têm dentro de casa. Aqui, o Grêmio tinha seu torcedor, os gandulas. Agora é a vez deles. Mas jogar por qualquer empate lá é vantagem. E perder por um gol te deixa vivo, já que leva para prorrogação e pênaltis. E o Grohe está em uma fase extraordinária. Mas lá será uma guerra psicológica, mais forte fora do que dentro das quatro linhas do campo.
Ricardo Drubscky - O que a gente espera é que seja um jogo limpo. Na América do Sul, sobretudo na Libertadores, sempre existiu esta cultura da força física exacerbada no futebol. E acho que é um lado meio chato isso de guerra, batalha. Espero que não aconteça nada, que todos joguem somente futebol e vença o melhor. Torço para que seja o Grêmio, seria importante para o Brasil.
Cléber Xavier - Para ter sucesso lá na Argentina, o Grêmio terá que se manter na disputa. Saber fazer um jogo inteligente, procurando manter a posse de bola. E, quando não estiver com a bola, fechar os espaços do Lanús. Um ponto importante que pode ser explorado pelo time do Grêmio também são as bolas paradas ofensivas, sem descuidar das defensivas também.
Vinícius Eutrópio - Isso faz parte da Libertadores. Se não tiver este clima de guerra, entendo que o confronto fica até descaracterizado. Em decisões entre brasileiros e argentinos isso acontece. Mas os brasileiros, nos últimos anos, aprenderam a encarar melhor este tipo de situação. Vai ter que ser mais trabalhado ainda pelo Renato. Lá, o Lanús vai criar um clima de muita pressão.
Hélio dos Anjos - Vai ser a maior adversidade. Não só o clima da torcida, mas toda a alucinação do Lanús por esse jogo na Argentina. Apesar da vantagem, o Grêmio terá muitas dificuldades. Mas também não será simples para o Lanús, em um clima do jogo com essa loucura e empolgação. O Grêmio é um time copeiro, faz um ano bom e tem condições de sair de lá com o título.
Sebastião Lazaroni - A partida na Arena mostrou a exata capacidade do time do Lanus, que é forte fisicamente e de muito combate. Mas o Grêmio tem dado demonstrações de capacidade de "saber sofrer" nos momentos difíceis, usufruindo muito bem dos contra-ataques. Mesmo como visitante, diante de toda a atmosfera contra sua equipe, o Grêmio vai mostrar personalidade.
Rogério Lourenço - Acho que é um clima onde os jogadores gostam de atuar, pois traz toda a motivação para a conquista do título. O time não pode entrar na pilha do adversário, na famosa catimba argentina, para não correr o risco de perder jogadores durante a partida. O trabalho psicológico será muito importante, e o time tem que saber atuar com a vantagem que possui, explorando muito bem os contra-ataques que o adversário oferecer. Se tudo der certo, um time brasileiro voltará a conquistar um título de Libertadores após um tempo.