Eu nunca acreditei de verdade. Se tivesse de me despedir hoje, esta seria a minha confissão final.
Em 2007, quando, mesmo depois dos 3 a 0 na Bombonera, eu berrava aos quatro cantos que ainda podíamos vencer, nunca imaginei que fosse possível. Os dois humilhantes gols de Riquelme não me surpreenderam. Eu sabia. E como não saber? A América, naquela altura, era grande demais para mim.
Eu nunca me iludi. O superataque montado para o primeiro ano de Arena fracassou. E como não fracassaria, se ali todos fracassam?
Nós nunca chegaríamos lá, eu me convenci. E quem pode me culpar pelo meu pessimismo? Faço parte, afinal, da geração mais fracassada da história. Pobre de mim e todos os outros nascidos nos primeiros anos da década de 1990, jovens demais para lembrar de Jardel e Paulo Nunes. Acostumados a falar de Renato apenas pelas histórias ouvidas e vídeos exaustivamente assistidos. Que têm na cabeça cada gol marcante, de André Catimba a Dinho, mesmo sem tê-los assistido ao vivo.
Precisamos conviver com a dor. Do rebaixamento, da surpreendente projeção internacional de outro time da cidade, das eliminações precoces, do velho Olímpico sendo silenciado por adversários de qualidade duvidosa. Mesmo agonizando de dor, nada nos tirou dali. Ainda que não admitíssemos para o mundo a nossa desconfiança, seguimos de cabeça erguida, procurando por dias melhores.
Se o título da Copa do Brasil de 2016, conquistado após uma crise técnica e uma troca de treinador, podia parecer o auge, já era possível ler ali os sinais da vida. Encaixando as peças certas, sabia-se onde o grupo guiado por Renato chegaria à noite desta quarta-feira (22).
Acabaram as dúvidas.
Esvaiu-se o medo.
Chegou a hora e valeu cada segundo da espera.
Vai, Grêmio! Liberta o teu povo tão sofrido. Estamos contigo, como sempre.