Poucos goleiros tiveram uma história tão brilhante como a dele. Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, todos se recordam, foi campeão por onde passou. Mas talvez nem todos lembrem quais foram os dois últimos clubes da sua longa carreira: Grêmio e Barcelona, de Guayaquil.
Exatamente isso. Os dois adversários desta quarta-feira pela Libertadores marcaram o final da sua história como goleiro. Em 1979 Manga foi campeão gaúcho pelo Grêmio, e na virada do ano se transferiu para o Barcelona, onde faturou dois títulos equatorianos, encerrando a sua trajetória como goleiro em 1981.
Mas antes disso teve muita coisa, como uma passagem marcante pelo Botafogo na década de 1960, até sair depois de uma briga histórica com João Saldanha. No Nacional, do Uruguai, virou lenda. No Inter foi bicampeão brasileiro. A decepção foi a Copa de 1966, a única da sua carreira.
Hoje, aos 80 anos, Manga vive em Salinas, um dos balneários mais populares do Equador. A cidade é pequena, tem apenas 35 mil habitantes, mas está sempre cheia de turistas. Fica a 138 quilômetros de Guayaquil. Na conversa, sempre com o velho português misturado com palavras em espanhol, ele falou sobre o jogo da Libertadores e a vontade de voltar a Porto Alegre.
Por ter atuado nos dois times, que tipo de jogo é possível esperar na quarta? Existe um favorito?
Será um jogo muito difícil, não tem favorito. Acho que será uma partida de muito respeito, estamos falando de dois clubes muito grandes. Os dois vão se respeitar, tentar controlar o jogo e ganhar nos detalhes.
Qual é a principal dificuldade de jogar no Monumental Isidro Romero?
No meu tempo eram 90 mil torcedores, é uma torcida que empurra muito. É igual a torcida do Boca Juniors. A torcida é gigante. Tenho certeza que o estádio será pequeno na quarta-feira.
O senhor gosta do time atual do Barcelona?
É um time que tem experiência, tem jogadores conhecidos. Os argentinos tem qualidade. Também tem um uruguaio bom. Tem tudo para ser uma grande partida.
O que dá para falar sobre esse clube? O que o Grêmio vai encontrar?
Conheço bem o Barcelona. Fui campeão aqui. A torcida gosta do Manga. Depois também fui preparador de goleiros. Ajudei a formar muita gente boa. O clube é muito grande, a torcida é muito fanática. Acho que 90% do pessoal da região torce para o Barcelona.
Vai ao estádio na quarta-feira?
Não sei, não tenho ingresso. É complicado, tem que ver o transporte também. Aqui de Salinas são duas horas para ir e mais duas horas para voltar. Mas quero muito ver esse jogo, afinal atuei nos dois times. Avisa o presidente do Grêmio que o Manga está por perto. Quero dar um abraço em todo mundo.
Como está a vida em Salinas?
Muito tranquila, aqui é muito quente. Mas o lugar é bom, a praia é tranquila. É uma vida agradável.
Quais são as melhores lembranças de Porto Alegre?
Só tenho boas recordações. Joguei no Inter e fui campeão. Era um time cheio de craques. No Grêmio também tive boa passagem. Sou muito bem tratado por todos em Porto Alegre. Também trabalhei recentemente no Inter viajando pelo interior, visitando os consulados e ajudando a trazer sócios. Quero voltar. Pode avisar aí que o Manga quer voltar a morar em Porto Alegre.