Seja lá quem for o campeão, terá feito uma façanha. O que está em jogo nesta decisão do Gauchão é mais do que a edição 2024 da elite do Estado. É entrar para a história. De um lado, o do Grêmio, a busca pelo hepta. Do outro, o Juventude, o sonho do bi. E é tão difícil alcançar isso que, desde 1918 até hoje, os Tricolores só enfileiraram sete títulos uma vez, e já se vai meio século. E só um clube do Interior ganhou duas vezes o Estadual, há quase nove décadas. A partir das 16h30min deste sábado, o Alfredo Jaconi começa a sediar o novo capítulo do esporte.
Será uma grande festa. Empolgados pela eliminação sobre o Inter, os torcedores da casa formaram longas filas para comprar ingresso, associar-se. A expectativa é de estádio lotado como há muito não se vê. Porque também há muito não se vê uma disputa aberta entre Interior e Capital.
Verdade que o Juventude não é um "Interior qualquer". Pelo contrário: integrante da Série A nacional, classificado na Copa do Brasil, a equipe de Roger Machado se consolidou na temporada, especialmente após a goleada sobre o Guarany de Bagé nas quartas de final.
Daquele jogo em diante, a desconfiança foi embora, o time cresceu coletivamente e algumas individualidades, como Lucas Barbosa, Caíque e Gilberto, apareceram. Contra o Inter, fez duas partidas de igual para igual, em casa e fora. O equilíbrio e a combatividade foram as marcas do grupo.
Agora, o desafio é o Grêmio. O Tricolor chega pela sétima vez à final e ganhou as outras seis, tendo superado, nos anos anteriores, equipes de todas as regiões do Estado: Brasil de Pelotas, Ypiranga de Erechim, Inter e Caxias. Repete um oponente da Serra. Para conquistar esse título, aposta no ataque mais positivo do Gauchão. Pavon, Diego Costa, Gustavo Nunes e Cristaldo comandam um setor poderoso, responsável por 30 gols.
A potência ofensiva da Capital desafia a força física da Serra. Será a quarta decisão entre eles, e nas três anteriores, 1996, 2001 e 2007, os tricolores deram a volta olímpica. Nas duas primeiras, Roger Machado era defensor do Grêmio. Renato pode alcançar mais um recorde, possivelmente um dos últimos que ainda faltam. Se for campeão, empatará com Oswaldo Rolla, o Foguinho, em número de títulos pelo Tricolor, 10 a 10.
Há outras duas coincidências: quando foi hepta, em 1968, o jogo que valeu o título para o Grêmio foi contra o Juventude em casa; quando ganhou o Gauchão 30 anos depois, em 1998, o Ju disputou a primeira partida em Caxias do Sul e confirmou a conquista em Porto Alegre.
Para 2024, teremos um novo 1968 ou um novo 1998?