A era Beira-Rio e os anos iniciais da década de 1980, fizeram com que o Inter abrisse uma boa vantagem de títulos estaduais sobre o Grêmio. 1985 começa com o placar de taças em 29 a 22 para os colorados. Distância considerável para o tamanho equilíbrio entre os dois clubes. A direção tricolor investe fora de campo e traz uma dupla vitoriosa no lado vermelho, que chegou para tentar se dar bem também no lado azul: Rubens Minelli, de técnico, e Gilberto Timm, de preparador físico.
Foi o nascedouro do famoso Grêmio-Show que emendou seis títulos em sequência do Gauchão, até 1990, passando pelas mãos consagradas de Valdir Espinosa, Luiz Felipe Scolari, Otacílio Gonçalves da Silva Jr., Cláudio Duarte e Evaristo de Macedo. Nesta edição de GZH, vamos relembrar a sequência fantástica do Grêmio na segunda metade dos anos 80.
1985 - GRENAL 276
GRÊMIO 2X1 INTER
Sem sustos, o Grêmio de Minelli conquistou o primeiro turno daquele Gauchão que marcava o recomeço de Rubens Hoffmeister a frente da Federação Gaúcha de Futebol. O time tinha a volta da Mazaropi no gol e contratações de impacto como do meia argentino Sabella, ex-Estudiantes, de La Plata. A base ajudava com Valdo e Caio Jr. No lado do Inter, toda a defesa era "cria" do clube: Taffarel, Luís Carlos Winck, Aloísio, Pinga e Mauro Galvão.
O Inter precisava vencer o returno para provocar a final do campeonato e chegou na última rodada do octogonal com dois pontos de vantagem sobre o Grêmio. O empate bastava. Mas não deu. Sob os olhares de 39 mil torcedores que foram ao Estádio Olímpico, naquele domingo, 8 de dezembro, Bonamigo e Caio Jr. abriram a vantagem que os donos da casa precisavam para serem campeões por antecipação, vencendo os dois turnos. O segundo, no saldo de gols. Tita ainda descontou mas a taça ficou com o Grêmio.
Time campeão: Mazaropi, Raul, Baidek (Rogério), Luis Eduardo e Casemiro; China, Osvaldo e Bonamigo; Renato Portaluppi, Caio Jr. (Sabella) e Valdo. Técnico: Rubens Minelli.
Título do Grêmio: 23.º
1986 - GRENAL 280
GRÊMIO 1X0 INTER
Foi um Gauchão diferente para o Grêmio. Um dos maiores nomes da história do clube foi embora depois depois de 13 anos: o atacante Tarciso, encerrou sua trajetória no Estádio Olímpico e foi para o Goiás. Mas outro nome de peso voltava para tentar ser campeão gaúcho como treinador pela primeira vez: Valdir Espinosa, campeão da Libertadores e do Mundial, em 1983, havia voltado do Al-Hilal, da Arábia Saudita. Desta vez, ganhar os turnos da fase classificatória não dava o título por antecipação. Mas pontos-extras no quadrangular decisivo. O Grêmio entrou com um e o Inter, com outro. Na última rodada, dia 20 de julho, clássico no Olímpico, num domingo de inverno e chuva em Porto Alegre. O personagem, saiu do banco de reservas. O tricolor precisava de um empate para ser campeão e ele estava sendo obtido até os nove minutos do segundo tempo. Foi então que Luís Carlos Martins recebeu de Bonamigo pela ponta direita e cruzou rasteiro para o meio da área, encontrando Osvaldo, que chegou batendo de primeira, sem nenhuma chance para Taffarel. Osvaldo só entrou no intervalo, na vaga de Caio Jr.
Time campeão: Mazaropi, Raul, Baidek, Luís Eduardo e Casemiro; China, Bonamigo e Luís Carlos Martins; Renato Portaluppi, Caio Jr. (Osvaldo) e Valdo. Técnico: Valdir Espinosa.
Título do Grêmio: 24.º
1987 - GRENAL 289
GRÊMIO 3X2 INTER
O clássico decisivo de 1987 foi um dos mais emocionantes da história. Grêmio e Inter chegaram na última rodada do hexagonal final com os mesmos 14 pontos. Quem vencesse a partida, no Estádio Olímpico, marcada curiosamente para o "Dia do Futebol Brasileiro", 19 de julho, levantava a taça do Gauchão. Era o fim de um campeonato extenuante. Até àquele confronto, Grêmio e Inter já haviam disputado, cada um, 48 partidas pelo estadual. Algo inimaginável nos tempos atuais. De um lado, a juventude de Luiz Felipe Scolari, em sua primeira passagem como técnico gremista. De outro, a experiência de Ênio Andrade, tricampeão brasileiro (com Inter, Grêmio e Coritiba) mas que nunca havia vencido o Gauchão.
O Gre-Nal começou intenso. Com um minuto e meio, Lima fez 1 a 0 para o Grêmio. No início do lance que originou o gol, o ponteiro gremista Fernando dividiu uma bola com o zagueiro Pinga e o defensor colorado teve ruptura total dos ligamentos do joelho, ficando quatro anos sem jogar futebol. Com Norton entrando no time, o Inter ainda sentia o primeiro gol e a grave lesão de um dos seus maiores nomes na época, quando levou o segundo e o terceiro em menos de 20 minutos - gols de Lima, mais uma vez, e Jorge Veras.
A reação começou com um pênalti, convertido por Luís Carlos Winck pouco depois do terceiro gol. E aos 18 do segundo tempo, Paulinho marcou mais um para o Inter, dando esperança a torcida colorada de que a reversão era possível. Mas o Grêmio se organizou e manteve o controle da partida até o apito final que deu um novo tricampeonato aos tricolores depois de 23 anos.
Time campeão: Mazaropi, Alfinete, Astengo, Luís Eduardo e Casemiro; China, Valdo e Bonamigo; Fernando(Cristóvão), Lima e Jorge Veras. Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Título do Grêmio: 25.º