A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) tenta junto ao governo do Estado liberar a presença de torcedores nos estádios durante o Gauchão. A experiência de abrir os portões para um número reduzido de fãs durante a pandemia do coronavírus foi feita nos principais centros esportivos do mundo. As liberações, entretanto, duraram pouco tempo devido ao aumento do número de casos. No momento, existem exceções como os Estados Unidos e a Austrália, dois países que permitem que os fãs possam acompanhar in loco alguns eventos.
No Brasil, a pressão para que os jogos tenham torcida começou a ser feita em setembro, quando o Ministério da Saúde aprovou um estudo da CBF sobre a presença de público. A intenção era liberar a ocupação de 30% da capacidade dos estádios. A ideia ainda não conseguiu sair do papel.
No Rio de Janeiro, a presença de torcedores no estádio chegou a ser liberada no começo de janeiro. A medida foi revogada pelo prefeito Eduardo Paes. Porém, na final da Libertadores, no último sábado (30), a Conmebol permitiu a presença de 5 mil convidados.
Nas nações mais tradicionais da Europa, as restrições de circulação voltaram a ser mais rígidas nas últimas semanas e os campeonatos passaram a ser disputados novamente sem público. Na Itália, houve a liberação para que mil pessoas pudessem ver os jogos das arquibancadas. A medida durou poucos dias.
Na Inglaterra, foram criados diferentes níveis de restrições para os clubes, o que permitiu que algumas partidas chegassem a ter torcedores. A alegria durou menos de um mês.
Para os especialistas, a situação vivida na Europa deixa claro que será necessário fazer um planejamento para que, quando a pandemia esteja controlada, possa ser estudada a volta da torcida aos estádios. Por enquanto, o exemplo europeu mostra que permitir o público nas arquibancadas pode agravar a situação.
— Na Europa, eles abriram devido à queda dos casos. Mas com a piora no número de contaminados e na mortalidade, eles tiveram de fechar os estádios. Acho que sempre é bom olhar o que acontece fora daqui, eles seguem protocolos bastante rígidos. A gente tem que lembrar que a aglomeração pode não acontecer dentro do estádio, mas sim ao redor dele — destaca Maria Eugênia Bresolin Pinto, professora de Medicina Comunitária da UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).
Nos Estados Unidos, a situação é um pouco diferente. No próximo domingo, a final da NFL contará com a presença dos fãs para ver o Tampabay Bucaneers enfrentar o Kansas City Chiefs. Com capacidade para receber 65 mil pessoas, o estádio Raymond James, em Tampa, na Florida, receberá 25 mil torcedores, sendo 7,5 mil profissionais da saúde. Esse será o menor público da história do Superbowl.
Outro grande evento do esporte americano segue o mesmo caminho. A Daytona 500, uma das mais tradicionais provas da Nascar, a StockCar americana, terá 30 mil espectadores em 14 de fevereiro.
Na Austrália, o primeiro Grand Slam da temporada abrirá os portões para que os fãs do tênis possam acompanhar as partidas. Na primeira semana do Australian Open, 30 mil pessoas por dia poderão acessar as quadras localizadas em Melbourne. Na segunda, o contingente cai para 25 mil. Em uma edição normal do torneio, a presença de público é duas vezes maior do que a que será permitida em 2021.
O local onde a competição será disputada sedia esta semana seis torneios preparatórios. A rodada programada para a madrugada de quinta-feira (no horário de Brasília) foi cancelada após um funcionário do hotel onde tenistas cumpriram quarentena testar positivo para covid-19. Jogadores e árbitros retornaram ao isolamento e só serão liberados após testarem negativo.
A situação em cada país
Estados Unidos
Alguns eventos têm a presença reduzida de público, como a NFL e a Nascar.
Austrália
Até o momento, o Australian Open de tênis, com início na segunda-feira, terá presença de torcedores, com metade da capacidade.
Inglaterra
Alguns clubes tiveram a permissão de ter torcedores nos seus estádios. A liberação durou entre 2 e 27 de dezembro.
Itália
Chegou a ser liberada a presença de mil pessoas por partida. A medida foi revogada. Não há previsão de nova reabertura.
Espanha
O futebol espanhol não tem a presença de torcedores desde março do ano passado. Acredita-se que a atual temporada não terá público até o seu final.
Holanda
A atual edição do Campeonato Holandês contou com uma quantidade limitada de torcedores nas primeiras rodadas. A liberação durou um mês. Desde setembro os estádios estão vazios.
Alemanha
Viveu situação semelhante à da Holanda. Desde novembro não há mais a presença de torcedores nas arquibancadas.