A reunião da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) com os clubes estendeu a todos a sinalização de que não haverá retorno próximo do Gauchão. Todos os envolvidos mantiveram interesse em concluir o campeonato dentro de campo, mas ainda sem qualquer perspectiva de data. O encontro também serviu para a entidade apresentar seu protocolo de segurança e explicar como funcionará a disponibilização de testes para os representantes do Interior.
A FGF, em parceria com uma empresa, oferecerá 50 testes para cada clube, com exceção da dupla Gre-Nal. Os exames serão feitos por uma equipe contratada pela federação e serão agendados com os clubes.
A outra definição concreta é a de que os clubes estão liberados pela FGF para voltar aos treinos se receberem autorização legal das autoridades para isso (governo do Estado e prefeituras). Por enquanto, apenas Porto Alegre e Bento Gonçalves permitem as atividades nos CTs e estádios, mas o decreto estadual previsto para esta sexta-feira poderá incluir mais municípios (e clubes, por consequência) nessa situação.
É a partir deste decreto, aliás, que poderá ser traçada uma estratégia para a conclusão do campeonato. Faltam três rodadas da fase classificatória do segundo turno, mais semifinal e final, além de uma decisão em dois jogos com o Caxias, campeão do primeiro, se o time da Serra não ganhar o returno.
A possibilidade de reduzir o número de sedes não foi centro de maior debate no momento. O tema, que já é polêmico por natureza e encontra apoio de um lado e resistência de outro, tem como um dos empecilhos a necessidade de que a última rodada seja toda disputada ao mesmo tempo.
Há grave preocupação entre os clubes sobre o futuro. Sem a conclusão do campeonato, entendem que não haverá verba para quitar os compromissos ainda pendentes. Alguns dispensaram os atletas, outros reduziram ou parcelaram salários, e a falta de perspectiva para o retorno deixa tudo em uma situação ainda mais aflitiva.
A seguir, veja a repercussão do encontro entre os dirigentes.
Ronaldo Vieira, presidente do Aimoré
Na sexta-feira deve sair o novo decreto estadual e já no sábado, então, devemos nos reunir novamente por videoconferência para ver os encaminhamentos e até onde os clubes suportam uma paralisação do Campeonato Gaúcho. A situação é muito difícil para todos os clubes. Os clubes da Capital anunciam cortes muito grandes, e nós do Interior estamos sofrendo uma sangria financeira interminável e sem perspectiva em curtíssimo prazo de ter uma solução. Ainda é cedo para apontar qualquer sinal de volta do futebol no Rio Grande do Sul.
Adílson Stankiewicz, presidente do Ypiranga
Vamos aguardar o decreto do governador, que sairá na sexta, e deve incluir o futebol nas atividades regradas, para nos pronunciarmos. Tudo vai depender do decreto. Antes de saber as condições de retorno, não tomaremos nenhuma decisão. Para nós, sem problemas se reduzirem as sedes do campeonato. Temos de viabilizar a possibilidade de terminar o campeonato dentro de campo. Se tivermos que jogar em Porto Alegre, Caxias, Pelotas, não importa. Sem torcida, não fará muita diferença o local de jogo.
Laudir Piccoli, presidente do Esportivo
O clube que tiver condições, conforme seu município, poderá voltar aos treinos respeitando o decreto municipal. A Federação está dispondo os testes para os clubes, virão fazer os testes com prévio agendamento. O que podemos entender é que, para conseguir outras definições, vamos ter de esperar pela autoridade competente, o governador. Queremos que clubes e federação se adaptem da melhor forma possível, sempre cuidando da vida e da integridade da nossa equipe e funcionários. O Esportivo pode voltar a treinar a qualquer momento para estar sempre preparado para o retorno do campeonato.
Pedro Pittol, presidente do São Luiz
Vamos esperar o decreto do governador. A volta está cada vez mais difícil devido ao avanço do coronavírus. Quanto a reduzir as sedes, é uma ideia sem procedências e impossível, pois aumenta custos que os clubes já não tem (como bancar). Com portões fechados, é um suicídio total.
Gilmar Schneider, presidente do Pelotas
Depois da conversa do governador no Sala de Redação, sabíamos que seria complicado. Não vejo possibilidade de ter futebol tão cedo. Sugeriram fazer em menos sedes, mas o TJD avisou que todos os jogos da última rodada têm de ser ao mesmo tempo. Se na semana que começar o campeonato eu tiver casos de covid, o que acontece? Enquanto não tiver data para o início do campeonato, não temos porque chamar ninguém. Terminar o campeonato não é minha prioridade agora. É salvar o clube.
Paulo Santos, presidente do Caxias
Sabemos a limitação do nosso Gauchão, mas temos ciência do que precisamos adaptar. Na Série D, a incerteza é ainda maior, e isso assusta pelos compromissos. Há um esforço do presidente Luciano (Hocsman) em cumprir o campeonato e manter os patrocinadores, pensando em 2021. Vamos conversar com a Secretaria da Saúde para criar um protocolo, que já temos elaborado em comum acordo com outros clubes.
Por meio da assessoria de imprensa, o São José informou que não terá retorno até os protocolos serem liberados pelo governo do Estado. Ficará sem atividades no clube até segunda ordem.
Walter Dal Zotto Jr., presidente do Juventude
O que temos de enaltecer é o trabalho que o presidente da FGF faz para que retorne a competição estadual, mas do que acompanhamos depois da entrevista do governador ao Sala, fica difícil o retorno da competição. Vemos os treinos, mas jogos são difíceis. Não temos uma visão de quando as autoridades de saúde liberem. Vamos aguardar o decreto na sexta-feira com o protocolo da FGF. Sem data de retorno da competição, não adianta voltarmos a treinar.
Raul Hartmann, presidente do Novo Hamburgo, e Ricardo Fonseca, presidente do Brasil-Pel, não responderam.