A ideia apresentada por alguns clubes brasileiros de reduzir em 50% o salário dos jogadores de futebol durante a pandemia de coronavírus enfrenta forte oposição por parte do Sindicato dos Atletas do Rio Grande do Sul (SIAPERGS). Segundo o presidente da entidade, Paulo Mocelin, os profissionais até admitem receber os seus vencimentos de forma parcelada, mas rejeitam qualquer tipo de redução salarial.
— Essa proposta é totalmente rechaçada pela categoria. Redução salarial é algo inegociável. Os atletas até podem aceitar um parcelamento dos vencimentos e aceitam discutir também a antecipação das férias. Mas o “perdão salarial” é algo inegociável — disse Mocelin à GaúchaZH.
O dirigente afirma que tem conversado com lideranças da dupla Gre-Nal e também de clubes do interior, da primeira divisão e da Divisão de Acesso. Ele garante que os atletas estão fechados com a entidade. Logo, não acredita que possam ocorrer negociações diretamente entre os clubes e os jogadores, sem a mediação da entidade representativa de classe.
— Estamos montando uma proposta e em breve vamos apresentá-la aos atletas. Entendemos também que é hora de a CBF se coçar. Ela é a entidade maior e ela até agora não se pronunciou sobre dar um auxílio aos clubes — completa Mocelin.
Os 40 clubes das Séries A e B estão reunidos por videoconferência nesta segunda (23) com a direção da CBF com o objetivo de formular uma proposta de consenso a ser apresentada aos jogadores.
Porém, o sindicato manifesta uma preocupação especial com os clubes menores, que não estão representados nesta reunião. Afinal, a maioria dessas entidades formularam contratos curtos com os atletas, já que o Gauchão e a Divisão de Acesso, que estão paralisados, terminariam já no primeiro semestre. Mocelin, no entanto, não acredita no reinício dessas competições.
— Dar férias coletivas para os atletas dos clubes do interior, por exemplo, é algo complicado, porque os contratos deles já estão acabando. Os campeonatos teriam que ser estendidos. Mas o Estadual, por exemplo, eu tenho quase convicção de que não será retomado, pois não existem datas suficientes no calendário — finaliza.