Fazia quase um ano que Hélio Vieira não estava em uma casamata. Desde que saiu do Veranópolis, após o Gauchão de 2019, o treinador estava fora do mercado. Para não ficar parado, chegou a trabalhar na empresa de sua mulher, promotora de eventos em Pelotas, no sul do Estado. Pois após acertar com o Aimoré, reestreou pelo clube de São Leopoldo vencendo o Grêmio, com titulares, por 2 a 1.
Aos 56 anos, Hélio Vieira é um dos nomes mais importantes do Interior. Coleciona passagens por Brasil-Pel (onde fez boa parte de sua carreira de jogador, como zagueiro), São Paulo-RG, Santa Cruz, Avenida, Ypiranga, Veranópolis, entre outros. E, nos últimos anos, aumentou sua fama de salvador. Impediu muitos rebaixamentos, entre eles o do próprio Aimoré, em 2014. Por isso, foi procurado quando os dirigentes decidiram pela saída de PC Oliveira.
— Eles me ligaram naquele mesmo domingo e acertamos à 1h (de segunda). Às 9h, fui para São Leopoldo — revelou.
Sua estreia foi neste domingo, diante do Grêmio, e a vitória de 2 a 1 ficou até barata perto da produção das duas equipes. Agora, tem pela frente a missão de pelo menos permanecer na primeira divisão. No caso de Hélio, de garantir algo para depois que o Estadual acabar.
— Os campeonatos são muito curtos, nem todos jogam o segundo semestre. Agora mesmo, já estou fazendo conta de cabeça para ver como vão ser as finanças até o final do ano — comentou.
A última vez que começou um ano trabalhando foi em 2016. Naquela temporada, pelo São Paulo-RG, encarreirou cinco partidas invicto e se classificou para os mata-matas já na sexta rodada. A equipe de Rio Grande tinha uma folha de R$ 118 mil e o sexto lugar no Estadual foi bastante comemorado.
Hélio Vieira trabalhou no Kuwait e recebeu propostas para retornar ao mundo árabe. Porém, agora está legalmente impedido:
— Sem a licença da CBF Academy, não posso trabalhar. Poderia fazer a licença A direto, mas custaria em torno de R$ 19 mil entre inscrição, estadia e alimentação. Em seguida, teria de fazer a Pró, que nem sei quanto custa. Isso é uma reserva de mercado disfarçada, porque, infelizmente, está fora do alcance de muitos.
Com essa limitação, precisa esperar a cada ano que apareça alguma vaga aberta nas casamatas do Interior. O que pesa a seu favor é a boa fama que tem por onde passou.
— Trabalhei sete vezes no Santa Cruz, quatro no Avenida, três no Brasil-Pel, três no Veranópolis, duas no Tubarão-SC. Tenho essas portas abertas. E o que me dá orgulho mesmo é que nunca, nunca mesmo, fiz alguma coisa que pudesse me envergonhar no mundo do futebol.