A tarefa não era das mais fáceis. Mesmo se ganhasse em São Leopoldo, o Grêmio precisava contar com um tropeço do Caxias contra o Esportivo para alcançar a liderança do Grupo B. Por isso, antes mesmo da rodada do fim de semana, chegou a se projetar um Gre-Nal pela semifinal do primeiro turno do Gauchão. Enfim, o cruzamento aconteceu: dos rivais de Porto Alegre, apenas um sairá vivo, com chances de título. O inesperado da história foi ver o Tricolor perder por 2 a 1 para o Aimoré neste domingo (9).
— Estivemos muito abaixo do que estamos acostumados a jogar. Não adianta dar a desculpa de que o calor ou o campo prejudicaram. Tínhamos a vantagem de jogar em Porto Alegre, um empate já servia para a gente. Não deu, então agora é trabalhar durante a semana e pensar no Gre-Nal — admitiu o técnico Renato Portaluppi.
A fala do treinador é a prova de que, internamente, o Grêmio sabe que precisa melhorar. Se no ano passado conquistou o título estadual de maneira invicta, tendo sofrido apenas um gol, em 2020 já sofreu duas derrotas nos cinco jogos disputados.
Na comparação imediata com os números do Inter, o Tricolor também sai em desavantagem. Mesmo escalando titulares em todas as rodadas, a equipe terminou a fase inicial com quatro pontos a menos do que o time de Eduardo Coudet, que preservou titulares em três oportunidades.
— Não tenho que falar do Inter. Quem tem que falar é o Coudet. Ele é pago para isso. Eu sou pago para treinar o Grêmio — disparou um irritado Renato.
Não será por falta de tempo que o técnico deixará de treinar e até mexer na equipe. Sem compromissos no meio de semana, poderá inclusive acelerar a preparação física de Thiago Neves, que foi deixado no banco de reservas do Estádio Cristo Rei. Assim, no Beira-Rio, poderá finalmente fazer sua estreia como titular.
— Não adianta você colocar dois jogadores que estão longe de estarem 100%. Hoje (domingo) optei por um deles, que foi o Diego (Souza), porque ele jogaria lá na frente e não precisaria participar da correria do meio-campo — explicou o comandante gremista.
Além do camisa 10, o técnico ganha três novos reforços para diferentes setores da equipe. Matheus Henrique, Pepê e Caio Henrique, que estiveram com a seleção brasileira disputando o Torneio Pré-Olímpico na Colômbia, se somarão ao grupo de trabalho no CT Luiz Carvalho a partir desta terça. Destes, o primeiro é quem tem presença praticamente garantida, assumindo a vaga de Lucas Silva.
— São jogadores de qualidade, vão acrescentar ainda mais à nossa equipe. O Caio está chegando. Tem o Pepê que está há bastante tempo conosco. É início ainda. Temos apenas 40 dias de trabalho e tem muita coisa para corrigir. Mas tem coisa que já estamos fazendo bem. Então, é ajustar isso — analisou o companheiro de meio-campo, Maicon.
O caso de Caio Henrique, no entanto, é o que gera maior expectativa. Sem ter sido sequer apresentado como reforço do clube, o lateral-esquerdo trazido do Fluminense poderia ganhar a posição de Bruno Cortez que, contra o Aimoré, foi substituído no segundo tempo e criticado publicamente por Renato. A dúvida é saber se, ainda sem o entrosamento ideal, o jovem será atirado à fogueira do Gre-Nal.
— O clássico mexe com a cidade, mas não é um jogo que vale seis ou 10 pontos. Tem que ir bem concentrado e ter o mínimo possível de erros. A gente sabe que é um jogo entre duas grandes equipes que vão atacar e defender e, quem for melhor, vai sair vencedor — concluiu o capitão.
Enfim, a velha máxima do futebol gaúcho está de volta. Um novo insucesso pode trazer fortes questionamentos para dentro da Arena. Mas, por outro lado, a chance da recuperação é imediata. Uma vitória no clássico, ainda mais na casa do tradicional adversário, pode provar que o resultado deste domingo foi um mero acidente de percurso.