Imagine passar cinco anos sem assistir ao maior clássico do futebol da sua cidade. Mais de 265 semanas sem ver Manchester City x Manchester United, Grêmio x Inter, Boca Juniors x River Plate, Corinthians x Palmeiras. É assim que os torcedores de Pelotas se sentem. Mas a angústia está com as horas contadas. Depois de 1.862 dias, Brasil-Pel e Pelotas voltam a se enfrentar neste domingo (17).
O Bra-Pel 363, marcado para as 16h, no Bento Freitas, e válido pela penúltima rodada do Gauchão, tem contornos decisivos para o Xavante, que corre risco de rebaixamento. E, obviamente, também para o Pelotas, que gostaria de ser um dos responsáveis pelo descenso do seu grande rival e também de garantir vaga às quartas de final. Por isso, antes do Gre-Nal, fique de olho na RBS TV e acompanhe ao vivo a transmissão do clássico.
O Bra-Pel 363 será apenas o segundo no século 21 pelo Gauchão. Desde 2001, o Xavante participou 11 vezes da Primeira Divisão, enquanto o Pelotas esteve em nove. A coincidência negativa é que, juntos, os clubes disputaram apenas a edição de 2014. Em fevereiro deste ano, foi jogado o último Bra-Pel desde então. Na Boca do Lobo, empate em 1 a 1, com gols de Lucas Sandro para os mandantes e Nena para o Brasil-Pel.
No final do Gauchão de 2014, o Lobo foi rebaixado para a Divisão de Acesso — onde permaneceu até 2018 –, enquanto o Xavante foi até as semifinais, sendo eliminado apenas pelo Grêmio.
Agora, o panorama é diferente. Com sete pontos, a equipe comandada pelo técnico Gustavo Papa é a 10ª colocada, a última fora da zona de rebaixamento.
A goleada que a equipe sofreu para o São Luiz por 4 a 1, na rodada passada, deixou o Avenida, 11° com seis pontos, com a possibilidade de ultrapassar o Brasil-Pel já neste final de semana na classificação.
— Conversamos muito para tirar um pouco deste peso (do risco do rebaixamento). É um jogo atípico. Tem de ter a cabeça no lugar para que a ansiedade não tome conta. A gente sempre corrige o que não deu certo e potencializa as partes boas. Estudamos o adversário. É um time que faz muitos gols de bola parada — disse Gustavo Papa.
Já o Pelotas, de Gavilán, está em sétimo e ainda busca garantir vaga no mata-mata, mas não corre risco de voltar a disputar a Divisão de Acesso em 2020. O técnico não poderá contar com o lateral-direito John Lennon, um dos destaques da equipe.
— Vamos usar as ferramentas que temos. Clássico é clássico, não interessa quem chega melhor. Nosso time está bem em relação a ele mesmo. O objetivo agora é se classificar. Vamos com calma. Estamos bem no campeonato. Já poderíamos ter garantido a vaga. Não tivemos capacidade? Sim, aceito isso. Temos mais dois jogos para garantir lugar nas quartas de final. Vai depender só da gente — disse Gavilán.
Seguindo o exemplo do Gre-Nal, o Bra-Pel 363 terá um espaço reservado para torcida mista. A iniciativa foi sugerida pela Brigada Militar e apoiada pelos presidentes dos clubes. Mais uma novidade para que os torcedores de Pelotas matem a saudade do clássico da cidade.
Gavilán x Papa
Os técnicos do Bra-Pel são conhecidos de longa data. Em 2005, jogaram juntos no Inter. Além da idade — os dois têm 39 anos —, outra semelhança aproxima Gavilán de Gustavo Papa: começaram as suas carreiras nas casamatas recentemente. Antes do clássico, os comandantes trocaram elogios.
— Tive o privilégio de trabalhar junto ao Gavilán. Ele tem uma característica de luta e entrega que eu enxergo em mim também. Não desiste nunca e isso nós vemos no Pelotas: muita determinação e empenho — disse Papa.
O paraguaio devolveu a gentileza:
— É uma satisfação reencontrá-lo. Desejo um bom trabalho e uma boa carreira. Dentro de campo, o resultado será reflexo do trabalho de cada um e dos jogadores. Fico feliz que ele está traçando o seu caminho.