São José e Novo Hamburgo podem ser considerados times privilegiados neste Gauchão. Por conta dos próprios méritos, escaparam de um confronto antecipado com a dupla Gre-Nal na fase eliminatória e agora chegam em condições de igualdade, pelo menos financeiras, para brigar pela vaga na semifinal neste sábado, a partir das 18h30min, no Passo D'Areia.
Sólido ao longo de todo o Estadual, o São José é apontado pela maioria dos comentaristas como favorito para o confronto. Pela campanha que fez, a análise é justificável. Ao fechar a primeira fase com 28 pontos, a equipe de China Balbino terminou com 12 a mais do que o adversário deste sábado. Além disso, no confronto direto levou a melhor: fez 2 a 0, pela oitava rodada. O treinador do Zequinha, contudo, nem cogita rotular o próprio time como favorito. Considera o adversário, e o caráter eliminatório do duelo, "um risco muito grande" para as pretensões do clube.
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Já o Novo Hamburgo, que trocou de treinador na reta final da primeira fase – Gerson Gusmão pediu demissão e foi substituído por Abel Ribeiro –, vem a Porto Alegre animado com a vaga conquistada na Série D do Brasileirão e confiante em um bom resultado para tentar retornar às semifinais, fase que não atinge desde o Gauchão de 2012.
China Balbino
Técnico do São José
O São José chamou atenção pela ótima campanha na primeira fase. Mas, agora, um jogo decide o futuro do time. Como você encara esta situação?
É um risco muito grande, até porque estamos enfrentando uma equipe que no ano passado quase eliminou o Grêmio na Arena. Mas sabemos da força do São José apresentada durante o Gauchão. A cada partida, o grau de competitividade que eles (grupo do São José) tiveram aumenta, então estão bem maduros para esta partida que vamos ter. Óbvio que esse questionamento vem à cabeça, porque é um jogo, e pode não dar para recuperar mais. Mas os mata-matas do ano passado (nas copinhas do segundo semestre) nos ajudaram a amadurecer.
O assunto já virou clichê, mas é difícil deixar de mencioná-lo: o gramado do Passo D'Areia favorece o Zequinha?
A gente sempre procura frisar que no sintético a bola fica mais rápida. O time que é tecnico acaba se desenvolvendo porque a bola pega mais velocidade. Mas sempre frisamos, também, que o fator local é um diferencial por ser onde a gente treina.
Além da campanha do clube, o que mais surpreendeu você?
O planejamento se destacou bastante. É algo que vai desde o administrativo até o planejamento de campo. Isso que faz diferença. Aqui a gente aposta na continuidade do trabalho.
Os jovens vêm chamando a atenção também...
Eu nem citei isso, do trabalho dos jovens, porque esses garotos já estão há quase um ano trabalhando aqui. A não ser o Clayton (emprestado ao Sport), Spessatto e Wágner, todos já estão há um bom tempo aqui.
O que preocupa nesta equipe do Novo Hamburgo?
O time do Novo Hamburgo, a partir da troca do comando, começou a agredir mais os adversários. No primeiro momento, quando nos enfrentaram, eles tinham a defesa menos vazada, e agora eles se expuseram mais e a parte ofensiva cresceu.
Qual jogador adversário você destacaria?
O Zulu estamos acostumados a ver, o Saldanha é um atleta que tem conseguido fazer a maioria dos gols do Novo Hamburgo, o Preto dá a sua qualidade, então são atletas que a gente vem monitorando e temos que ter cuidado.
O Heliardo já foi especulado no Inter, o Clayton foi para o Sport e outros jogadores despertam interesse de algumas equipes. Como lidar com isso, sendo que o time ainda está vivo no Gauchão?
O grupo é bem pé no chão e isso passa por nós. O comandante é o reflexo da equipe. Sempre friso que temos que terminar nosso trabalho. Se está havendo isso, é porque eles têm sido merecedores e estão plantando tudo isso. Procuramos levar que se não trabalharem forte o assédio não haverá. Então trabalhamos para que o próximo jogo e o próximo treino sejam sempre os mais importantes.
Abel Ribeiro
Técnico do Novo Hamburgo
Como o Novo Hamburgo vai para o jogo?
A gente está fazendo uma preparação muito boa, o grupo está confiante. Mas lógico que temos dificuldades. O (zagueiro) Diego Macedo lesionou, (o zagueiro) Ricardo Schneider também lesionou, (o atacante) Kiros está suspenso, mas o grupo está bem. O André Paulino voltou e é uma opção para a zaga. Sabemos da dificuldade do jogo, porque o São José fez a segunda melhor campanha da primeira fase e tem a questão do campo sintético. Mas estamos confiantes.
Mudou algo na preparação por conta do gramado? O Novo Hamburgo conta com um campo sintético para treinar.
Nós treinamos no nosso campo, aproveitamos. O que muda é a velocidade da bola, como posicionar o pé de apoio. Mas o Novo Hamburgo já jogou lá na primeira fase (derrota por 2 a 0 na oitava rodada), conhece bem o campo. A maior dificuldade vai ser o bom time do São José, que é muito entrosado.
Você não era técnico do time na derrota da primeira fase. Conversou com o grupo sobre aquela partida?
O que a gente tem procurado conversar é não cometer os erros do primeiro jogo. Fizemos uma boa partida mas houve um descuido, tomamos os dois gols no final do jogo. Mas agora o time está bem concentrado e focado no jogo. Vai ser diferente.
Como o clube está lidando com a vaga na Série D, conquistada neste ano sem tantos investimentos, ao contrário de anos anteriores?
O Novo Hamburgo sempre brigou pela vaga no Brasileiro, fez campanhas boas em campeonatos anteriores e nunca conseguiu se classificar. Agora conseguiu, e isso dá credibilidade e empolgação para todos no clube, na direção, entre os jogadores. Estamos bem concentrados para buscar agora a semifinal.
Você passou por dois extremos no Gauchão: treinou o Aimoré, que foi rebaixado, e agora o Novo Hamburgo, que briga por vaga na semifinal. Tem algum aprendizado da época de São Leopoldo que pode aproveitar?
Não, não. São situações bem diferentes. Fizemos um amistoso e joguei com o São José quando ainda estava no Aimoré, mas foi bem diferente. O grande segredo do São José é o conjunto, um time que está jogando junto há um bom tempo. A gente tem que ter um cuidado grande para não correr riscos.
Pretende mudar a maneira de o Novo Hamburgo jogar para a partida, ou vai manter a mesma ideia de time?
Vamos jogar como estamos jogando, como o Novo Hamburgo rendeu bem. Tive três jogos desde que cheguei, não vou mudar a maneira de jogar. Temos algumas dúvidas com relação aos desfalques, mas a formação tática e ideia vão ser as mesmas.
SÃO JOSÉ X NOVO HAMBURGO
São José
Fábio; Spessatto, Wagner, Alemão e David; Guedes, Fred, Jô, Diego Torres e Guilherme; Heliardo.
Técnico: China Balbino
Novo Hamburgo
Bruno Fuso; Celsinho, André Paulino (Tiago Ott), Rogério e Jonathan; Amaral, Neto, Juninho e Anderson Paraíba; Saldanha e Robinho (Zulu).
Técnico: Abel Ribeiro
Local: Estádio Passo D'Areia, em Porto Alegre
Horário: 18h30min
Arbitragem: Roger Goulart, auxiliado por José Javel e Jorge Bernardi
*ZHESPORTES