Com 11 anos, Fernando saiu de casa em Erechim para jogar no Juventude. Com 13, chegou ao Grêmio. Com 14, morava sozinho em Porto Alegre e administrava a própria casa. Com 17, dividia apartamento com a namorada, Fernanda, e estreava nos profissionais do Grêmio.
Tanta precocidade fez do volante um guri com cabeça de veterano. O boné verde do time de beisebol Oakland Athletics com a aba para o lado é raro sinal de que se trata de um adolescente. Fernando completa 20 anos no dia 3 de março, mas já se pode dizer que caminha há muito tempo na vida adulta. Tanto que ganhou status de referência mesmo sendo o caçula do time.
- Apesar do sucesso, não mudou. Segue o guri educado, gentil com todos e sempre de bem com a vida de quando chegou há sete anos. Vai longe, pode apostar - garante Mário Pereira, atual auxiliar de preparação física de Paulo Paixão.
Mário conhece Fernando como ninguém. Foi ele quem trouxe o guri para o Olímpico. Em abril de 2006, subiu até Caxias do Sul para tirar do Juventude o meia Zezinho. Aos 13 anos, Zezinho era fenômeno entre a gurizada. Ao chegar lá, Mário encontrou Fernando. Conhecia o volante do Efipan. Por conta própria, decidiu que também o levaria para o Olímpico.
- O que você acha de ir jogar no Grêmio? - perguntou Mário.
- Seria ótimo, mas antes tem que falar com a minha mãe. Se ela deixar, vou - respondeu o guri, convicto.
Em conversa intermediada pela mãe de Zezinho, Mário convenceu a mãe de Fernando e desceu com os dois. Antes, ligou para Rodrigo Caetano, gerente executivo na época.
- Rodrigo, estou levando o Zezinho e também um volante "negãozinho" que joga muito, foi bem no Efipan.
- Se trouxeres esse guri, e ele não jogar nada, vão os dois para a rua - provocou Caetano.
Zezinho ficou uma semana no Olímpico. Fernando decidiu seguir. Dois anos depois, estava no Catar com a seleção sub-15. Era a primeira convocação. E a primeira viagem para o Exterior. A partir daí, virou assíduo nas seleções de base. Soma 35 convocações. O passaporte já está sem espaço para carimbos: Espanha, Catar, Holanda, Japão, Canadá, Colômbia, Chile, Peru e Bolívia.
- Imagina só, aquela grossura toda de Erechim solta no mundo - diverte-se Fernando.
Campeão sul-americano sub-15 e sub-20 e do Mundial Sub-20, o volante segue os passos de Dunga e Emerson, que cresceram nas seleções de base. Fernando é de casa na CBF. Sabe o nome das secretárias, conhece os funcionários. A cada 15 ou 20 dias, seu Nextel toca. Do outro lado, assistentes técnicos da CBF buscam informações sobre suas condições físicas e técnicas. O volante é candidato à vaga em Londres. Pode entrar para a história se ajudar a Seleção a ganhar o inédito ouro. Com 20 anos. O que não surpreende. Afinal, tudo na vida de Fernando acontece cedo.
Chimarrão em Erechim
Em uma foto de infância, Fernando, com 11 anos, está na roda de chimarrão do Colégio Marista, de Erechim. Meses depois, ele trocaria o time do colégio e a cidade pela vida em Caxias do Sul e o Juventude. Fernando era meio-campista no time do Marista e já se destacava. Também brilhava pela escolinha do ex-ponteiro-esquerdo Odair, campeão brasileiro em 1981 com o Grêmio. Foi Odair quem levou o guri para testes no Juventude, o primeiro passo de sua carreira.
Talento precoce
Aos 19 anos, Fernando se consolida como titular absoluto no time do Grêmio
Caçula tricolor é candidato a vaga na Seleção nas Olimpíadas de Londres
Leonardo Oliveira
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