No futebol gaúcho, Grêmio, Inter e Juventude — que representarão o RS no Brasileirão Feminino de 2025 — não contam com profissional de psicologia integrada à comissão técnica.
— Ter a presença do psicólogo nos clubes, acompanhando as equipes de uma forma integrada com a comissão, nas viagens, vivendo isso, é uma boa estratégia. Porque não é ele quem vai salvar, mas é quem vai trazer a temática, vai trazer discussões com atletas em atividades em grupo, em conversas individuais, vai criar vínculo com todas essas pessoas, a ponto de que você já confia em alguém. Então, você começa a pedir ajuda em situações que não precisam ser tão alarmantes — reafirma Marina Gusson, que atuou junto à Seleção Feminina de 2019 a 2023.
Você começa a pedir ajuda em situações que não precisam ser tão alarmantes
MARINA GUSSON
sobre a presença de psicólogas em comissões técnicas
Kika Brandino, ex-jogadora da dupla Gre-Nal, nunca passou por um clube que tinha psicólogos integrados à comissão técnica, acompanhando as atletas diariamente. Mas histórias como a dela fez com que alguns clubes já tivessem um olhar mais atento para o que acontece fora de campo.
— Às vezes, por trás de um sorriso tem um pedido de socorro, e é no detalhe que as pessoas conseguem ver. No Galo, a gente também não tinha uma psicóloga acompanhando todo dia. Mas agora elas têm. E eu fico imensamente feliz, porque todo mundo precisa, não só atleta, mas comissão também. Então, torço pra que outros clubes sigam esse exemplo do Corinthians — finaliza a meia, que ressalta ter sido muito ajudada por Andreza Mendes, psicóloga que prestava serviço ao Atlético.
Por trás de um sorriso tem um pedido de socorro
KIKA BRANDINO
Sobre os sinais que o atleta dá quando precisa de ajuda.
O que dizem os clubes?
O Grêmio afirma que "na área da saúde mental, o departamento de futebol feminino sempre teve à disposição profissionais dentro da parceria com o Hospital Moinhos de Vento para consultas, tendo como referência um dos membros do Conselho de Administração do clube, o médico psiquiatra Gustavo Bolognesi. Dentro da parceira do Grêmio com a Ulbra, a partir deste mês de setembro, o departamento de futebol feminino passou a contar com o acompanhamento diário de duas estagiárias de psicologia, dando o suporte na área de psicologia do esporte. Uma dedicada ao elenco principal e outra para as categorias de base".
O Inter chegou a ter uma psicóloga terceirizada à disposição das atletas durante a catástrofe climática de maio. No entanto, o clube afirma que "a psicóloga foi contratada para trabalhar com a equipe durante o período da enchente, trabalho esse que foi concluído. No momento, não temos outro profissional especialista disponível. No entanto, o departamento médico fica à disposição para oferecer todo o suporte necessário, incluindo o encaminhamento a especialistas quando necessário, com o acompanhamento das condutas".
Já o Juventude explica que "não possui um funcionário de psicologia para o futebol feminino. No entanto, o departamento detém uma parceria com a Uniftec, e a Universidade coloca à disposição o departamento de psicologia para auxiliar as atletas do Juventude".
Como pedir ajuda?
O Centro de Valorização da Vida (CVV) presta serviços 24 horas por dia para aqueles que precisam de apoio emocional. Os contatos podem ser feitos dessas formas:
- Pelo telefone 188: ligação gratuita, disponível 24 horas por dia;
- Chat: todos os dias da semana em horários definidos (veja aqui);
- E-mail: pelo apoioemocional@cvv.org.br ou preenchendo o formulário no site.
Os atletas que estiverem precisando de ajuda também podem entrar em contato com a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte por meio das redes sociais. A entidade conecta jogadores com psicólogas associados que possam prestar o serviço.