No início do terceiro mês do ano, a Seleção Brasileira Feminina já terá uma decisão de título pela frente. Neste domingo (10), a equipe de Arthur Elias disputará a final da Copa Ouro contra os Estados Unidos, no Snapdragom Stadium, às 21h15min (horário de Brasília), em San Diego.
Até aqui, a campanha do Brasil tem sido impecável. Em cinco jogos, cinco vitórias, com 15 gols marcados e apenas um sofrido. Antes de garantir classificação à final, passou pela Argentina (goleada de 5 a 1) e pelo México (vitória por 3 a 0).
Entre as estatísticas, destaque para dois aspectos. O primeiro deles é que o time sofreu apenas um gol nas cinco partidas disputadas. Algo positivo diante de uma equipe que precisou passar por uma mudança no gol e que tem variado o esquema tático, ora no 4-3-3, ora no 3-5-2.
A alteração na meta ocorreu em função da lesão ligamentar no joelho esquerdo de Letícia, goleira do Corinthians. Na Copa Ouro, Luciana começou como titular em quatro das cinco partidas. Gabi Barbieri, ex-Inter e atualmente no Flamengo, ganhou a primeira chance no jogo contra o Panamá, na última rodada da fase de grupos.
O segundo destaque é em relação ao ataque. Os 15 gols foram marcados por 11 atletas de posições distintas. Na liderança da artilharia, estão a lateral Yasmim e as atacantes Gabi Nunes, Bia Zaneratto e Geyse, todas com dois gols. A relação conta ainda com a zagueira Rafaelle, as laterais Antonia e Bia Menezes, a meia Yayá, e as atacantes Duda Santos, Debinha e Adriana — todas com um.
Com o objetivo principal de testar novas opções em preparação aos Jogos Olímpicos de Paris, Arthur Elias não repetiu nenhuma escalação. Das 23 convocadas, apenas a goleira Amanda não recebeu oportunidade.
— Estamos mais consistentes a cada jogo, com mais dinâmica, mais eficiência, mais velocidade, fazendo gols importantes. A forma de jogar assumindo riscos se dá porque entendemos que há nisso benefícios. Precisamos ter uma mentalidade vencedora. Aqui na Copa Ouro estamos ganhando corpo e consistência. Só tomamos um gol em cinco jogos e tivemos muito mais chances de fazer gols do que os adversários — destacou o comandante da Seleção Feminina.
Recheada de elementos, a decisão deste domingo tem ainda um motivo em especial para o técnico Arthur Elias. Contratado em setembro do ano passado, ele poderá conquistar seu primeiro título à frente da Seleção Feminina.
Mesmo em oscilação, adversárias são favoritas
Para sair com o título, o Brasil já sabe que terá que superar uma das potências do futebol feminino mundial, que passa por um momento de transição de gerações.
A segunda colocação na fase de grupos e a derrota histórica para o México geraram alerta. Apesar disso, as norte-americanas passaram por seleções tradicionais nos mata-matas: eliminaram a Colômbia nas quartas e passaram nos pênaltis pelo Canadá na semifinal.
Para Marcia Tafarel, ex-jogadora e técnica da seleção feminina de futsal dos EUA, o momento vivido pelas adversárias do Brasil leva em conta dois fatores principais. Algumas das atletas que fizeram história, como o caso de Megan Rapinoe, deixaram a equipe e se aposentaram.
Neste momento, os nomes da nova geração estão assumindo responsabilidades e dando continuidade ao trabalho. Em paralelo, através da evolução da modalidade, as equipes oponentes têm conseguido apresentar embates mais competitivos.
— A seleção americana está com um grupo de jogadoras mais novas, e até elas pegarem essa consistência de resultados vai demorar um tempo. Outra coisa é que as seleções dos outros países estão melhorando, estão investindo em estrutura, estão melhorando. Então, não é a seleção americana que está declinando, é que o momento é de transição mundial do futebol feminino — explicou em entrevista publicada pelo portal Trivela.
Apesar do momento atual, o retrospecto entre as equipes ajuda a explicar o nível de dificuldade que o Brasil tem encontrado nos enfrentamentos ao longo da história. Em 30 jogos, o EUA venceu 23 vezes, enquanto o Brasil triunfou em apenas três, além de quatro empates.