O duelo entre Inglaterra e Senegal, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, no próximo domingo (4), tem, além do futebol dentro de campo, um duelo extracampo. O jogo será o reencontro entre os técnicos que defenderam as cores dos seus países em outros mundiais. Aliou Cissé participou da campanha do Senegal na Copa de 2002, enquanto Gareth Southgate era reserva da Inglaterra entre 1995 e 2004 e que, como jogadores de clubes, se enfrentaram na Premier League na temporada 2004/2005.
Na ocasião, o senegalês se deu melhor: uma vitória do Portsmouth sobre o Middlesbrough de Southgate no segundo turno, e um empate no primeiro.
— Não consegui ver os jogos de Senegal no campeonato. Assisti à partida contra o Irã, em Viena, em setembro. Agora, vamos nos preparar para esse jogo. São grandes jogadores, atuam nas grandes ligas e têm alguns na Inglaterra. Somos os favoritos, sabemos, e teremos de lidar com isso. Mas é um time extremamente perigoso — reconheceu o técnico Gareth Southgate, projetando o duelo das oitavas.
Cissé, emocionado por alcançar a melhor marca histórica de Senegal em Copa do Mundo, homenageou o ex-companheiro de seleção Pape Bouba Diop, capitão daquela equipe que faleceu em 2020.
Além de lamentar a ausência por lesão de Sadio Mané, camisa 10 e craque do Bayern de Munique, o treinador africano aproveitou a classificação para enaltecer a importância da conquista de seus comandados:
— Devemos parabenizar toda a seleção de Senegal. Somos um time da África indo para as oitavas de final. Somos um grupo. O time é sempre mais importante do que jogadores individuais — elogiou o desafiante, após a vitória sobre o Equador por 2 a 1.
Se os britânicos são considerados os organizadores do futebol moderno como conhecemos desde o final do século XIX, o time dos “Leões de Teranga” disputaram sua primeira partida apenas em 1961.
Apontado como rei dos animais, os leões são “mascotes” de Senegal e outras equipes nacionais do continente. Ganharam o complemento “teranga”, que no idioma ancestral Wolof, dos povos da região oeste da África, simboliza a simpatia e a boa convivência, ainda que não exista uma tradução precisa do termo para o português.
— Teranga é mais. É quando, por exemplo, você vai se alimentar e as pessoas te chamam para se juntar à mesa delas, te oferecendo a comida do próprio prato — explicou o chef de cozinha Pierre Thiam, senegalês dono do restaurante "Teranga", em Nova Iorque, em entrevista ao portal britânico BBC.
Dentro de campo os leões precisarão ser um pouco mais ferozes contra a Inglaterra. Com nove gols marcados nos três primeiros jogos do mundial, o time do rei Charles III tem Rashford, do Manchester United, que balançou as redes três vezes e desponta como um dos prováveis artilheiros da competição. Da mesma forma o craque do rival Manchester City, Phil Foden, reivindica uma vaga no time titular depois de contribuir na vitória sobre País de Gales e incomodar o técnico Gareth Southgate, que o deixava no banco.
— Em alguns momentos, pensei que ambos (Rashford e Foden) estavam um pouco quietos no primeiro tempo (contra Gales). Decidimos trocá-los de lugar no intervalo e eles responderam muito bem, e foi ótimo para ambos marcarem seus gols — festejou, depois da vitória por 3 a 0 sobre País de Gales.
Inglaterra e Senegal entram em campo para cantar seus hinos e buscar uma vaga na próxima fase às 16h do domingo (4). O duelo pelas oitavas de final será o quarto entre as seleções, com retrospecto de três vitórias inglesas sobre os africanos.