O futebol, por vezes, é tão estranho quanto o humor inglês. Porque soa esquisito um time que se arrasta em campo por um longo tempo resolver a partida em um estalar de dedos. Foi o que a Inglaterra fez diante de País de Gales, nesta terça-feira (29). Após uma etapa inicial modorrenta, o English Team solucionou o jogo em um minuto, venceu por 3 a 0 e assegurou o primeiro lugar do Grupo B. Aos galeses resta voltar para casa com a lanterna na mão.
O topo da chave colocará o Senegal no caminho inglês. Caso o Brasil avance como líder, só cruzará com uma das duas equipes em uma eventual final.
Quando as duas equipes britânicas começaram a correr atrás da bola, os ingleses atuavam com a confiança excessiva de quem precisava de um empate diante de um adversário inferior para se classificar. Os galeses se movimentavam com o ceticismo de quem não acreditava que era possível vencer um adversário superior e contar com um empate entre americanos e iranianos.
O ânimo dos dois lados fez os primeiros 45 minutos passarem a passo de tartaruga. Os campeões mundiais de 1966 tinham a bola. A posse batia os 75%, mas bater a gol era um esforço demasiado. Foram somente dois lances com algum perigo. Ambos saíram de novos titulares.
Rashford surgiu na frente de Ward, mas seu chute foi bloqueado pelo goleiro. Aos 37, Foden, principal reivindicação da imprensa e dos torcedores ingleses, virou e chutou para fora.
No começo do segundo tempo, a Inglaterra fez esforço suficiente para abrir vantagem. De falta, Rashford acertou o canto para fazer os torcedores acordarem. Na sequência, ele desarmou o adversário, Kane cruzou e Foden tocou para fazer o 2 a 0.
Para não dizer que a apatia perdurou até o apito final, Rashford marcou pela terceira vez na Copa do Mundo, tornando-se um dos artilheiros dos torneios. Mais uma vez foi às redes por méritos próprios. Invadiu a área, venceu a defesa e arrematou forte, sem chance para o goleiro.
Bale, expoente técnico de Gales, deixa o Mundial com um gol marcado de pênalti e nada mais. Suas atuações lembraram seus momentos finais de Real Madrid, nem os lampejos de suas arrancadas surgiram nos gramados catari.
Opacidade galesa facilita a vida da Família Real, que pela primeira vez teve dois integrantes do Reino Unido se enfrentando em uma Copa do Mundo. Assim, constrangimentos futuros serão evitados. Afinal, agora a Inglaterra segue sozinha sua longa caminhada para ver se o futebol consegue voltar para casa. Ele se perdeu em 1966 e ainda não encontrou o caminho de volta, em uma piadinha de humor inglês.
INGLATERRA
Pickford; Walker (Alexander-Arnold, 12’/ST), Stones, Maguire, Shaw (Trippier, 20’/ST); Rice (Phillips, 12’/ST); Henderson, Bellingham; Foden, Kane (Wilson, 12’/ST), Rashford (Grealish, 31’/ST).Técnico: Gareth Sputhgate
PAÍS DE GALES
Ward; Neco Williams (Roberts, 36’/ST), Mepham, Rodon, Davies (Morell, 14’/ST); Ampadu, Allen (Colwill, 36’/ST); Bale, Ramsey, James (Wilson, 32’/ST); Moore. Técnico: Rog Page
GOLS: Rashford, aos 4 e aos 22, e Foden, aos 5 minutos do segundo tempo
CARTÕES AMARELOS: James e Ramsey (G)
ARBITRAGEM: Slavko Vincic, auxiliado por Tomaz Klancnik e Andraz Kovacic (trio da Eslovênia). VAR: Marco Fritz (Alemanha)
LOCAL: Estádio Ahmad Bin Ali.