Diferentemente da Seleção Brasileira e seu baile pelas oitavas de final da Copa do Mundo, o próximo adversário do Brasil no Mundial amargou um empate em 0 a 0 no tempo regulamentar de sua partida nas oitavas, levando o jogo contra o Japão para a prorrogação. Sem desempate, a decisão ficou para os pênaltis, e assim os croatas ficaram com a vaga. Mas quem acompanha a Croácia há mais tempo não deve ter ficado surpreso.
Vice-campeões em 2018, os croatas foram especialistas em fazer hora extra nos jogos de mata-mata na Copa da Rússia, quase sempre com elementos dramáticos. A primeira prorrogação veio ainda nas oitavas de final e seguiu assombrando os croatas e seus adversários ao longo do torneio.
O desafio inaugural foi contra a seleção dinamarquesa em uma partida que acabou em 1 a 1 no tempo regular. Não parecia que o placar mudaria antes do apito final, quando, nos últimos instantes do tempo extra, veio o drama: um atacante foi derrubado na área da Dinamarca. Pênalti. Capitão e camisa 10 da equipe, Luka Modric foi o escolhido para bater e... errou. Parecia o fim para os croatas, que depois perderam outras duas penalidades — exceto que, graças ao goleiro Subasic, o adversário perdeu três. O meio-campista Rakitic, então, conseguiu vencer o goleiro da Dinamarca, e a Croácia seguiu para as quartas.
A disputa seguinte foi contra uma seleção russa igualmente cansada após jogar uma prorrogação contra a Espanha em sua partida de oitavas de final, que também foi decidida nos pênaltis. O jogo, pelas quartas, foi cheio de reviravoltas: a Rússia abriu o placar no tempo regulamentar, e a Croácia empatou. Na prorrogação, mais um gol croata, e logo os russos igualaram e tudo, e de novo a decisão foi para os pênaltis. Mais uma vez, nas penalidades, a bandeira quadriculada triunfou.
Chegou então a semifinal e a vez de enfrentar um adversário menos cansado: a Inglaterra, que vinha de uma vitória por 2 a 0 sobre a Suécia no tempo regulamentar, mas de uma disputa nos pênaltis nas oitavas. E, pelo menos nos minutos inciais da partida, parecia que as prorrogações consecutivas estavam cobrando um preço dos croatas, que levaram um gol dos ingleses aos quatro minutos do primeiro tempo. Mas nada disso. Eles correram atrás do empate e o alcançaram, aos 20 minutos da segunda etapa. Nenhuma equipe voltou a marcar e a Croácia precisou ir à sua terceira prorrogação. Mas, desta vez, nada de pênaltis: Mandzukic fez o gol da virada e os croatas seguiram para sua primeira final de Copa do Mundo.
Entrando na final com praticamente "um jogo a mais" que a França, graças aos mais de 90 minutos extras disputados ao longo do torneio, a Croácia não conseguiu segurar os Bleus, que conquistaram a taça no tempo regulamentar por 4 a 2. Mas a seleção croata fez história, não apenas conquistando a melhor classificação de seu país em um Mundial, como também tornando-se a primeira seleção a superar três prorrogações no caminho até a decisão de uma Copa do Mundo.
Agora, no caminho dos croatas para superar qualquer um desses recordes está a Seleção Brasileira, que enfrenta a equipe de Modric pelas quartas de final da Copa do Catar nesta sexta-feira (9), a partir do meio-dia (horário de Brasília), buscando chegar às semifinais de um Mundial pela primeira vez desde 2014.