A França é a nova dona do futebol mundial. Vinte anos depois de Zidane comandar a goleada sobre o Brasil em Saint-Denis, a nova geração liderada por Mbappé, Griezmann e Pogba fez 4 a 2 na Croácia, em Moscou, e garantiu o bicampeonato mundial francês. Os croatas, que fizeram uma campanha suficiente para marcar o ano de 2018 em suas histórias, pararam no último passo antes da taça.
A final serviu como um resumo do que foi a Copa do Mundo da Rússia. Teve gol contra, pênalti marcado com ajuda do árbitro de vídeo, número elevado de gols — só atrás da final de 1958 — e vantagem para o time que teve menos posse de bola. A França se junta a Argentina e Uruguai como seleções com dois títulos na história das Copas, atrás apenas de Brasil (5), Alemanha e Itália (4). Didier Deschamps, por sua vez, uniu-se a Zagallo e Beckenbauer como únicos campeões como jogador e técnico no Mundial.
A Croácia começou com uma postura mais adiantada e atacou primeiro aos quatro minutos. Varane estava bem colocado e cortou cruzamento da direita, impedindo a finalização de Mandzukic. Aos sete, Strinic tentou invadir a área pela esquerda, mas foi bloqueado pela zaga francesa. Perisic recebeu um lançamento em profundidade aos 11 e teve dificuldades na hora do domínio. Não levou perigo. O camisa 4 voltou a aparecer aos 14, quando puxou um contra-ataque, novamente pela esquerda, mas errou o cruzamento rasteiro.
A primeira jogada interessante da França foi aos 16. Mbappé driblou bem na direita e não conseguiu manter o controle da bola na área.
Logo em seguida, aos 17, a França abriu o placar com um gol contra. Depois de uma falta polêmica na intermediária, Griezmann jogou para a área, e Mandzukic desviou com a parte superior da cabeça para trás, tirando Subasic da jogada. Favoritos, os franceses largavam na frente com o primeiro gol contra da história das finais de Copa do Mundo. A Croácia, que saiu atrás de Dinamarca, Rússia e Inglaterra, tinha que lidar com a desvantagem no placar mais uma vez.
A Croácia tentou a resposta aos 20. Modric cobrou falta da direita, e Vida cabeceou por cima. O zagueiro croata apareceu novamente aos 22, quando deu um carrinho para desarmar Mbappé em contra-ataque. Rakitic teve a sua chance aos 23 com um chute de sem-pulo, porém bateu por cima.
Os croatas não se intimidaram e empataram aos 27. Com uma jogada ensaiada após falta, a bola rodou pela área francesa. Perisic tirou da zaga e mandou uma bomba de perna esquerda, no canto, sem chances para Lloris. 1 a 1.
A França chegou com perigo aos 33. Em um escanteio cobrado da esquerda, a bola passou por Matuidi e desviou no braço de Perisic. Nestor Pitana decidiu revisar a jogada com a ajuda do árbitro de vídeo, o italiano Massimiliano Irrati. A decisão foi de marcar o pênalti — a primeira vez em que o auxílio da tecnologia foi usado em uma final de Copa do Mundo. Aos 38, Griezmann deslocou Subasic e recolocou a França na frente.
Perisic apareceu de novo aos 39. Cruzou da esquerda, e Rebic errou na hora da finalização. A bola sobrou calmamente nas mãos de Lloris. Aos 43, Lovren chutou na área e foi prensado. Depois, no escanteio, a bola quicou na área e foi afastada pela zaga francesa. Umtiti recebeu atendimento médico aos 46, e os seus companheiros quase levaram a pior. Vida surgiu no meio da zaga em cobrança de escanteio, mas desviou mal, à esquerda de Lloris.
Ao fim do primeiro tempo, a França tinha dois gols marcados e somente um chute a gol.
O segundo chute a gol francês ocorreu no início da etapa final. Giroud rolou para Griezmann, que bateu no meio do gol e facilitou o trabalho de Subasic. A Croácia quase empatou novamente aos 2. Rakitic tocou para Mandzukic, que bateu alto. Lloris desviou com a ponta dos dedos para evitar o gol.
Enquanto os croatas eram mais propositivos, os franceses responderam com uma disparada em velocidade de Mbappé pela direita. Subasic fechou o ângulo e fez a defesa. Nos segundos seguintes, torcedores invadiram o gramado e foram retirados pela segurança da decisão. Neste momento, o gás croata parecia chegar ao fim. Os 90 minutos a mais jogados ao longo de três prorrogações nas fases anteriores cobraram um preço alto.
Aos 13, a França encaminhou o bicampeonato mundial. Pogba deu um lindo lançamento para Mbappé no contra-ataque. Mbappé segurou a bola até o resto do ataque chegar. O mesmo Pogba bateu uma vez, prensada, e outra vez para tirar do alcance do goleiro. 3 a 1. O placar virou goleada aos 19. Mbappé, de apenas 19 anos, deixou o dele. Dominou fora da área, centralizado, e bateu no canto.
A Croácia conseguiu descontar aos 23 em um erro absurdo de Llorris. Umtiti recuou para o goleiro, que foi pressionado e chutou nos pés de Mandzukic. A bola rolou até as redes. A seleção vermelha e branca voltou a assustar aos 32. Rakitic bateu da entrada da área, mas a bola passou à esquerda da trave.
Não havia tempo para reação. A França confirmou o favoritismo e chegou ao topo mais uma vez.
COPA DO MUNDO — FINAL — 15/7/2018
FRANÇA
Lloris; Pavard, Varane, Umtiti e Hernandez; Pogba, Kante (Nzonzi, 9'/2°), Mbappé, Griezmann e Matuidi (Tolisso, 27'/2°); Giroud (Fekir, 36'/2°).
Técnico: Didier Deschamps
CROÁCIA
Subasic; Vrsaljko, Lovren, Vida e Strinic (Pjaca, 36'/2°); Brozovic, Rakitic, Rebic (Kramaric, 25'/2°), Modric e Perisic; Mandzukic.
Técnico: Zlatko Dalic
Gols: Mandzukic (F, contra), aos 17; Perisic (C), aos 27, Griezmann (F), aos 38 minutos do primeiro tempo; Pogba (F), aos 13, Mbappé (F), aos 19, Mandzukic (C), aos 23 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Kante, Hernandez (F)
Arbitragem: Nestor Pitana, auxiliado por Hernan Maidana e Juan Pablo Belatti (trio argentino)
Público: 78.011
Local: Estádio Luzhniki, em Moscou, na Rússia