Em uma Copa do Mundo que tinha, pelo menos, sete favoritos, a França foi a única das equipes que chegou na decisão. E isso, eliminando Argentina e Bélgica. Na final contra uma seleção qualificada e habilidosa, o time de Deschamps foi melhor. Com eficácia ofensiva, trabalho defensivo e oportunismo os franceses passaram pela Croácia.
Dizer que teve dedo de Deschamps é pouco. Ninguém como técnico ganhou tanto quanto ele na seleção francesa: foi capitão que levantou a taça em 1998 e agora é o treinador do bicampeonato — repetindo feito que apenas Zagallo e Beckenbauer possuíam.
A montagem
Deschamps assumiu a França após a Euro 2012, classificou o time para o Mundial do Brasil em 2014, mas saiu com uma eliminação amarga para a Alemanha. Mantido no cargo, foi moldando o elenco. Deixou de fora seu principal atacante, Benzema, envolvido em um escândalo que acabou com sua moral no país, tratou de otimizar o trabalho de suas estrelas e arrumar os pontos fracos.
Na Rússia, ele notadamente encontrou uma fórmula para explorar o máximo de Griezmann e de Mbappé. Assim, conseguiu minimizar seu principal problema nesta Copa, a inoperância goleadora de Giroud. Fez do seu 9 um pivô para a chegada dos companheiros. Deu certo.
Também teve a sacada de apostar em um zagueiro improvisado na lateral-direita que funcionou: Pavard (saiu Sidibé). Além disso, colocou o reserva Hernández na lateral-esquerda (saiu Mendy).
A campanha
A campanha campeã foi pragmática. Os dois primeiros jogos foram de vitória apenas para ajustar de vez o time aos novos laterais. No terceiro, o treinador usou um mistão e nem conta. Após, era a hora da verdade. Mbappé acabou com a Argentina em um dos jogões da Copa: 4 a 3. Mais dois jogos vencidos na bola parada e com Griezmann mandando bem (Uruguai e Bélgica) e a França chegou até a final contra a Croácia.
A decisão
Deschamps, tem como estilo de passar muito mais tempo no banco, só se levantando para reclamar ou dar instrução. Bem diferente do croata Zlatko Dalic, em pé na área técnica durante os 90 minutos.
Neste domingo (15), o chefão só deu uma levantadinha pra gritar com a marcação aos quatro minutos (a França começou totalmente dominada) e outra quando ocorreu a falta que saiu o primeiro gol (contra de Mandzukic).
Deschamps sabe o que fazer. Isso foi visto na substituição de Kanté por N'Zonzi. Como? Tirar o melhor volante da Copa justamente quando o time é pressionado? Bem, Kanté tinha amarelo e estava sobrecarregado. O comandante foi até a linha lateral, abraçou seu substituído, fez carinho em sua cabeça. N'Golo é o cara, mas não era o momento dele na opinião do treinador. E não é que deu certo, com os Bleus fazendo dois gols e abrindo 4 a 1 em questão de minutos e matando o jogo?