Estamos nas quartas. O que era previsível até. A novidade é que estamos nas quartas com a confiança redobrada e afiados para encarar os peixes grandes da Copa do Mundo. A Seleção Brasileira venceu por 4 a 1 a Coreia do Sul, nesta segunda (5), no Estádio 974, e viu Neymar inteiro, Vinicius desequilibrante, Raphinha recuperado e um time fortalecido. Sexta-feira será contra a Croácia, atual vice mundial, às 12h, no Estádio Cidade da Educação, em Al Rayyan. Podem vir, estamos prontos.
Foi tudo resolvido rapidamente. Entre o hino e a definição do jogo não levou 15 minutos. O Juca Kfouri aqui na fila de baixo, nas tribunas do Estádio 974, mal tinha equilibrado os óculos de leitura entre a ponta do nariz e a máscara. O colega alemão aqui do lado tentou umas duas vezes colocar título no formulário do texto que escrevia.
Começava a digitar e pimba, gol do Brasil. Partia para nova tentativa e, pimba, de novo. Outro gol. Parecia a gente naquela tarde de julho de 2014 no... Deixa para lá.
Mas confesso que deu vontade de bater no ombro dele e, engrenando um inglês, dizer para ele que era assim que a gente se sentiu naquela vez.
Bom, mas passou. O fato é que o Brasil mostrou suas armas. Era preciso. "Ah, mas é a Coreia do Sul", podem dizer os pessimistas. Mas, quando se pega a Coreia do Sul vinda de batalha 72 horas antes, a obrigação é fazer o que protagonizaram Vinícius Jr, Neymar, Richarlison, Paquetá e Raphinha: amassar. Aos seis, estava 1 a 0. Aos 12, 2 a 0. Menos de meia hora, 3 a 0. Ainda veio o 4 a 0 aos 36. Só não acabou em seis porque houve relaxamento e preciosismo.
Com show, como o Rei merece
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Deu dó dos coreanos. Quando o Heugmin Son tocou na bola, o Brasil já tinha resolvido a parada. A Coreia é uma seleção organizada, disciplinada até o último fio de cabelo deles, preto como a asa da graúna. Só que com a vontade com que o Brasil entrou em campo, nem todo o exército coreano segurava.
Brincadeira de criança com comprometimento de adulto
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Tite afundou sua última linha de cinco atacantes, avançou Thiago, Marquinhos e Militão, deixou Danilo e Casemiro iniciando tudo. O primeiro gol foi de manual. Raphinha deu um drible de futsal e atrasou para Casemiro. Esse tocou em Lucas Paquetá, que acionou Raphinha em profundidade. O cruzamento veio na contramão dos zagueiros. Vini dominou, olhou e mandou no único lugar em que não havia coreano.
Aos 10, a torcida organizada da Seleção cantou o nome de Pelé, em homenagem programada. No campo, Richarlison homenageou roubando a bola na área e sofrendo pênalti. Neymar bateu com tanta classe que o goleiro pareceu cair se desmontando. Era o 2 a 0, que ele correu para dividir com Alex Telles, sentado nas cadeiras atrás do banco.
Os coreanos tentaram articular algo no ataque. Só que errar contra essa Seleção é fatal. Aos 29, Richarlison dominou a bola como uma foca na frente da área. Deu em Marquinhos, que tocou em Thiago. O passe foi de meia clássico. O gol foi de nove de área: 3 a 0.
Aos 36, contra-ataque de quatro toques. A bola chegou em Vini, e ele encontrou Paquetá no lado oposto. Golaço, samba na comemoração e festa total. A essa altura, a janta da Croácia no hotel começava a ficar salgada.
Segundo tempo
Claro que um jogo resolvido tão rápido traz um relaxamento. É humano desmobilizar quando tudo está resolvido. Por isso, Son teve a chance de fazer aos três. Se no primeiro tempo, Alisson salvou, agora foi o pé do coreano que errou o alvo.
O que se vi no segundo tempo foi o Brasil controlando sem a agressividade do primeiro. Raphinha teve duas chances na área e parou no goleiro. Aos 18, Tite já passou a projetar as quartas de final. Militão, pendurado, saiu para a entrada de Dani Alves.
Neymar ingressa em lista na qual só estavam Pelé e Ronaldo
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A desacelerada do Brasil fez Alisson mostrar a que veio na Copa. Ele fez defesa de futsal, à queima-roupa, em chute de Hwang. Tite viu que, manter alguns em campo, já era risco. Bremer entrou no lugar de Danilo e fechou a linha de quatro na defesa. Martinelli substituiu Vini. Porém, a Seleção seguiu marcando de longe, sem o ímpeto de antes.
O próximo adversário não é páreo para o Brasil
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Aos 30, Paik chutou de fora da área e fez Alisson sofrer seu primeiro gol na Copa. Logo em seguida, ele saiu para a entrada de Weverton, o único jogador que ainda não havia atuado aqui no Catar. Rodrygo também entrou, na vaga de Neymar, ovacionado e com cântico personalizado da torcida.
Esse foi o sinal de que nada mais viria na noite calorenta de Doha. Os coreanos, atrás do gol de Weverton, gritavam com força o ritmado "Dae Han Min Guk", na tradução do meu coreano afiado "Grande República da Coreia".
Os brasileiros, com sua charanga, acordaram no "Brasil olê, olê". Saiu todo mundo satisfeito, pelo visto. Nós com a recuperação da confiança, eles orgulhosos do que fez sua seleção.
Que bom se fosse sempre assim no futebol.
COPA DO MUNDO — OITAVAS DE FINAL — 5/12/2022
BRASIL (4)
Alisson (Weverton, 35'/2ºT); Militão (Daniel Alves, 17'/2ºT), Thiago Silva, Marquinhos e Danilo (Bremer, 26'/2ºT); Lucas Paquetá e Casemiro; Raphinha, Neymar (Rodrygo, 35'/2ºT) e Vinícius Jr (Gabriel Martinelli, 26'/2ºT); Richarlison. Técnico: Tite
COREIA DO SUL (1)
Kim Seung-Gyu; Kim Moon-Hwan, Kim Min-Jae, Kim Young-Gwon e Kim Jin-Su (Hong Chul, int.); Jung Woo-Young (Son Jun-Ho, int.) e Hwang In-Beom (Paik Seung-Ho, 19'/2ºT); Hwang Hee-Chan, Lee Jae-Sung (Lee Kang-In, 28'/2ºT) e Son Heung-Min; Cho Gue-Sung (Hwang Ui-Jo, 34'/2ºT). Técnico: Paulo Bento
GOLS: Vinícius Jr (B), aos 6, Neymar (B), aos 12, Richarlison (B), aos 28, Lucas Paquetá (B), aos 35 minutos do 1º tempo; Paik Seung-Ho (C), aos 31 minutos do 2º tempo
CARTÕES AMARELOS: Jung Woo-Young (C)
PÚBLICO: 43.847 pessoas
ARBITRAGEM: Clement Turpin, auxiliado por Nicolas Danos e Cyril Gringore. VAR: Jerome Brisar (quarteto francês)
LOCAL: Estádio 974, em Doha