"Se fossem os uruguaios, a dificuldade era outra", deve estar pensando a torcida do Uruguai. Direito deles de pensar assim. Se o Brasil teve pela frente a Coreia do Sul, cabia ao time do Tite levar a sério o desafiante mais frágil e não prestar atenção se, depois de golear, ouvisse dos céticos:
— Também, se fossem os uruguaios...
Deu tão certo porque o Brasil fez brincadeira de criança com comprometimento de adulto. Neymar se convenceu de que precisava jogar de primeira para não apanhar. Pode manter a estratégia mesmo quando o tornozelo estiver a pleno. Dá velocidade de execução ao time brasileiro. O perde-pressiona tem sido a qualidade mais regular nos quatro jogos. Evoluir é somar qualidades. E recuperar titulares como Alex Sandro, que faz ótimo desempenho no torneio.
O ir e vir de Paquetá funciona, como a confiança em que o treinador bancou Raphinha, que teve uma resposta exuberante. Certo, dê desconto nos adjetivos: era a Coreia do Sul. Mas a alegria com responsabilidade, combo que garantiu a atuação empolgante do Brasil, deve ser mantida para a sexta-feira (9) contra o envelhecido e matreiro time da Croácia. Vindo de uma prorrogação estafante, o time croata vai tentar levar o jogo numa temperatura de água caribenha e jogar por poucas bolas. Não há chance de se assustar diante da camisa amarela.
Quatro anos atrás, a Croácia passou por Dinamarca, Rússia e Inglaterra. Não estranhará a camiseta histórica e nem jogo deste tamanho. Tecnicamente, a sobra brasileira contra a desafiante de sexta-feira é fato consumado, mas não bastará. A própria marcação civilizada sul-coreana sobre Neymar terá outro tempero, uma gravidade de quem vai tentar estar entre os quatro do mundo contra todos os prognósticos.
Se Tite pode brincar de dançar o pombo do seu jeito um tanto constrangido, é o máximo de descontração que veremos desta terça-feira (5) em diante. A Copa dos adultos começa nas quartas de final. O Brasil já viu o quanto a França, a Argentina, a Holanda e o melhor ataque da Copa, a Inglaterra, estão competentes. Passarão à semi só dois desses quatro. Mais o Brasil, se jogar contra Croácia misturando brincadeira de criança e comprometimento de adulto.
Espanha e Portugal
Se os jovens talentosos espanhóis cumprirem o favoritismo sobre os marroquinos, deverão enfrentar Portugal, que traz ao Catar seus talentos amadurecidos loucos para fazer história, especialmente Cristiano Ronaldo em seu último fado. A Suíça jogará do seu jeito, o que não sofre nem aplica goleadas. Espanha x Portugal será um clássico ibérico cheio de rivalidade.