Mais uma Copa do Mundo está chegando ao fim. Realizado fora de época, por conta do clima do Oriente Médio, o Mundial do Catar se despede no próximo domingo (18), com o confronto entre as bicampeãs mundiais Argentina e França.
Desde a cerimônia de abertura, realizada em 20 de novembro, não faltaram emoções no torneio, marcado por zebras — como a derrotada dos argentinos para a Arábia Saudita na primeira semana da competição ou a chegada do Marrocos entre os quatro finalistas.
Fora das quatro linhas, contudo, a Copa também deu o que falar. A seguir, GZH recorda cinco fatos que marcaram esse Mundial fora de campo.
1. A Copa dos protestos
Antes mesmo da bola rolar neste mundial, já haviam protestos pela escolha da Fifa de sediá-lo no Catar — uma vez que o país criminaliza comunidades LGBT+ e restringe diretos das mulheres e trabalhadores imigrantes. O clima demorou a ser amenizado, com as primeiras semanas marcadas por protestos da seleção da Alemanha, da equipe inglesa de uma comentarista da BBC contra a decisão da Fifa de impedir o uso de braçadeiras em apoio à diversidade, por exemplo.
O auge desses protestos acabou ocorrendo na partida entre Portugal e Uruguai, pela fase de grupos, quando o torcedor italiano Mario Ferri invadiu o campo segurando uma bandeira com as cores do movimento LGBT+ e vestindo uma camiseta com o logotipo do Superman. Na frente, a camiseta de Mario contava com uma frase de apoio à Ucrânia ("Save Ukraine"), país atacado pela Rússia. Nas costas, uma mensagem às mulheres iranianas ("Respect for Iranian Woman"). Ele conseguiu correr pelo gramado por 30 segundos, mas logo foi detido. Depois, foi liberado pelas autoridades e banido do restante do torneio.
2. Arco-íris banido
Apesar da Fifa declarar que não havia nenhum banimento sobre a bandeira do arco-íris nos estádios da Copa do Mundo, semana após semana ficou claro que a realidade nas arquibancadas era outra.
Um jornalista brasileiro chegou a ser ameaçado por um policial porque estava com a bandeira do Estado de Pernambuco, que conta com um arco-íris e foi confundida com símbolo de apoio aos LGBT+. Imagens de um torcedor dos Estados Unidos com uma braçadeira com as cores do arco-íris também correram o mundo, assim como o relato de jornalistas e torcedores obrigados a se desfazer de chapéus e camisetas com os símbolos do arco-íris antes de serem autorizados a entrar nos estádios do Catar.
3. Apoio à Palestina
O primeiro Mundial sediado no mundo árabe também foi marcado por apoio massivo à causa palestina. A bandeira do país estava presente tanto nas arquibancadas dos jogos do torneio, como tremulando nas ruas do Catar.
Na internet, ao mesmo tempo, viralizaram vídeos de torcedores árabes em Doha se recusando a falar com emissoras israelenses e repetindo "viva Palestina". Durante o confronto entre França e Tunísia, um torcedor entrou em campo exibindo justamente a bandeira verde, branca e preta com o triângulo vermelho.
Queridinha do campeonato, a seleção marroquina, que fez história tornando-se a primeira equipe africana e a primeira equipe árabe a chegar às semifinais, chegou a posar com a bandeira da Palestina em campo, após eliminar a Espanha nas oitavas de final.
4. Mulheres no apito
Pela primeira vez desde sua fundação em 1930, a Copa do Mundo teve mulheres na arbitragem no Catar. A história começou a ser escrita na primeira semana do torneio, quando a francesa Stéphanie Frappart atuou como quarta árbitra no confronto entre México e Polônia.
Mas esse era só o começo. Alguns dias mais tarde, ela foi chamada para apitar a partida decisiva entre Costa Rica e Alemanha pela última rodada da fase de grupos do mundial, que acabou mandando os tetracampeões de volta para casa mais cedo que qualquer um esperava.
Ao lado da francesa estavam a brasileira Neuza Back em uma lateral e a mexicana Karen Díaz na outra, completando o primeiro trio de arbitragem completamente feminino de um jogo de Copa do Mundo masculina da Fifa.
5. Copa da tecnologia
O gol que classificou o Japão para as oitavas de final e eliminou a Alemanha ainda na fase de grupos foi válido, ou a bola havia saído de campo antes do cruzamento? Cristiano Ronaldo marcou um gol de cabeça ou não participou do lance de Bruno Fernandes? Em ambos casos e em muitos outros ao longo do Mundial, a tecnologia respondeu perguntas para deixar fora qualquer ,margem para dúvidas.
Com um sistema de VAR mais eficiente, capaz de arbitrar casos de impedimento em instantes, os jogos da Copa do Mundo foram regidos pela tecnologia. Isso foi visto até na mais elementar ferramenta do futebol: a bola. Chamada de Al Rihla e criada pela Adidas, a bola do Catar foi a primeira na história a contar com um sistema interno com sensores, que enviam informações aos árbitros de vídeo.