Em protesto contra as restrições da Fifa, os jogadores da seleção da Alemanha posaram para a foto oficial antes do jogo contra o Japão, nesta quarta-feira (23), com as mãos cobrindo a boca. O gesto foi uma crítica à ameaça de sanções esportivas, como cartão durante o jogo a atletas, e financeira, com multa a federação, à equipe que utilizasse a faixa de capitão do movimento "One Love" em jogos da Copa do Mundo no Catar.
A campanha traz o lema “um amor”, em inglês, e surgiu em 2020, na Holanda. A braçadeira é branca, com as palavras da ação embaixo de um coração desenhado com as cores que representam a luta por reconhecimento de minorias e também da comunidade LGBT+ que representa a diversidade e liberdade sexual garantida pela declaração de Direitos Humanos.
Originalmente, oito seleções prometiam usar esta faixa de capitão que enaltece a diversidade frente à discriminação dos países árabes. Até agora, nenhuma partida teve este tipo de protesto.
"Com a nossa braçadeira de capitão quisemos dar o exemplo pelos valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. De maneira clara e junto com outras nações. Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis. Isso deveria acontecer sem precisarmos falar. Mas infelizmente ainda não é. É por isso que esta mensagem é tão importante para nós. Impedir o uso da braçadeira é como impedir nossas bocas de falar. Nossa postura permanece", escreveu a Federação Alemã de Futebol no Twitter.
Quem usar a braçadeira pode iniciar o jogo com um cartão amarelo e devendo pagar uma multa financeira, de acordo com a Fifa.
Por que a censura?
A medida restritiva existe por conta do governo catari e foi admitida pela principal organização esportiva mundial. Baseado na religião muçulmana, a cultura dos países árabes faz com que a lei proíba que pessoas tenham ou exponham relações afetivas com pessoas do mesmo gênero.
Outros países como Arábia Saudita e Irã também aplicam a mesma proibição. A infração ao direito humano de exercer sua sexualidade livremente é uma das principais críticas à Fifa e a organização da Copa do Mundo de 2022 no Catar.