Antes da estreia do Irã na Copa do Mundo no Catar, nesta segunda-feira (21), jogadores e torcedores do país se manifestaram pacificamente contra o governo da própria nação durante a execução do hino. Os atletas ficaram em silêncio e o público na arquibancada chegou a vaiar a melodia nacional.
O técnico da seleção do Irã, o português Carlos Queiroz, admitiu que os jogadores de sua equipe estão sofrendo com a pressão dos protestos no país. Ele comentou a situação depois da partida, que terminou em goleada da Inglaterra por 6 a 2, na estreia do Grupo B da competição.
— Não é bom vir ao Mundial e pedir a eles que façam coisas que não são sua responsabilidade. Eles querem dar orgulho e alegria ao povo — afirmou o treinador à imprensa.
— Vocês nem imaginam o que esses rapazes estão vivendo a portas fechadas nos últimos dias — acrescentou.
Os jogadores do Irã optaram por não cantar o hino nacional no estádio Al Khalifa, em uma mostra aparentemente de apoio aos protestos contra o governo de seu país. Liderados pelo capitão Alireza Jahanbakhsh, os iranianos permaneceram de pé e em silêncio na execução do hino antes do jogo.
— Não importa o que eles digam, as pessoas querem matá-los. Você imagina estar em um momento de sua vida em que pode ser assassinado por tudo o que você diz? Com certeza temos sentimentos e crenças e em seu devido tempo, no momento adequado, os expressamos — concluiu Queiroz.
Jahanbakhsh tinha dito que a equipe decidiria de forma conjunta se cantaria ou não em solidariedade às manifestações, que começaram após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos.
Amini, uma iraniana de origem curda, morreu três dias depois de ter sido presa em Teerã por violar o estrito código de vestimenta que obriga as mulheres do país a usar o véu em público.