Ameaçado no Catar por um homem e um policial ao ter a bandeira do Estado de Pernambuco confundida com um símbolo LGBT+, o jornalista Victor Pereira, 28 anos, promete levar o caso adiante. Em entrevista a GZH, Victor disse que notificou a Fifa a respeito do episódio e espera que os responsáveis sejam identificados e punidos.
— Não gostaria, mas infelizmente virei notícia. Como havia câmeras de segurança perto de onde ocorreu o fato, quero que as pessoas envolvidas sejam identificadas e punidas e que a Fifa e as organizações envolvidas na Copa peçam desculpas ao povo pernambucano, ao povo brasileiro, a mim e, principalmente, à comunidade LGBT+, pois, na verdade, a agressão foi dirigida a eles — disse.
Jornalista brasileiro denuncia truculência de policiais no Catar: "Fui atacado, acharam que era uma bandeira LGBT"
Natural do Recife, Victor Pereira hoje mora em Lisboa e cobre a Copa no Catar como jornalista freelancer para sete veículos brasileiros. A GZH, o jornalista explicou com mais detalhes a confusão. O episódio ocorreu nessa terça (22) no entorno do Lusail Iconic Stadium, logo após a vitória da Arábia Saudita sobre a Argentina. Ao encontrar torcedores pernambucanos, Pereira estendeu a bandeira de Pernambuco para tirar fotos com os conterrâneos e postá-la nas redes sociais. O problema é que o arco-íris da bandeira do estado nordestino foi confundido por alguns cataris com o símbolo internacional da comunidade LGBT+.
— Após tirarmos as primeiras fotos, uma menina pernambucana nos viu e pediu a bandeira emprestada para ela tirar uma foto individual. Quando ela estendeu a bandeira, foi abordada por um homem vestido com aquela roupa branca característica aqui do Catar. Pois este homem arrancou a bandeira da menina e começou a pisoteá-la. Na hora, ela gritava: "É a bandeira do meu Estado". Os meus colegas, então, foram conversar com o homem, e a minha primeira reação foi pegar o celular e começar a filmar — conta.
Inicialmente, o tumulto foi contornado. Os colegas de Victor e a menina pernambucana fizeram uma rápida pesquisa pela internet através do celular e mostraram ao homem que aquele símbolo, na verdade, era a bandeira de um Estado brasileiro. A pessoa prontamente entendeu a situação e devolveu a bandeira aos brasileiros. O problema, contudo, foi quando o catari que provocou a confusão percebeu que estava sendo filmado.
— Quando ele viu que eu estava gravando, foi para cima de mim e, prontamente, em um golpe rápido, pegou o celular da minha mão. Ele começou a dizer que iria quebrar o meu celular se eu não deletasse o vídeo. Eu mostrei a minha credencial e argumentei que eu tinha permissão para gravar. Mesmo assim, ele dizia que não se importava com quem eu era. Ele estava com credencial da Fifa, mas ela estava de lado, então não consegui ver quem ele era — relata.
A situação tensa chamou atenção de um policial.
— Este policial veio e conversou com o homem em árabe. Então, eles se falaram, e o homem entregou o celular a ele. Então, o policial se virou para mim e disse: "delete o vídeo". Mostrei a minha credencial de jornalista e disse que não iria deletar. O policial então respondeu: "é melhor que você delete". Neste momento, já tinham muitos seguranças rodeando a gente, e eu temi muito pela nossa segurança. Por isso, concordei em deletar. O próprio policial deletou o vídeo e me devolveu o celular. Quando eu peguei o aparelho de volta, o vídeo já tinha desaparecido —resume.
Após a repercussão do episódio, Victor Pereira foi procurado pela Fifa, que prometeu investigar o caso.
— A pessoa da Fifa que me ligou me pediu um relato e disse que encaminharia a situação para as pessoas responsáveis — relatou
