Pela primeira vez, fato de a Copa do Mundo ser quase toda realizada em uma única cidade gerou transtornos para a Fifa e para a imprensa presente no Catar. A coletiva oficial da Argentina, nesta quinta-feira (8), véspera do jogo decisivo contra a Holanda pelas quartas de final, foi marcada por um pequeno tumulto, por conta do excesso de jornalistas interessados em participar. Alguns repórteres foram barrados por falta de espaço na sala, o que causou um bate-boca.
— Tenho o direito de participar da entrevista. Isso é inadmissível — protestou em tom alterado um repórter argentino, que estava sendo impedido de entrar na sala.
O oficial da Fifa respondeu:
— Não há espaço para você. Respeite as regras, por favor — disse.
A pontualidade é algo sagrado para a Fifa. Em condições normais, nenhum evento inicia um segundo além do horário marcado. Nesta coletiva da Argentina, porém, a entidade precisou abrir mão do seu dogma e atrasar a entrevista em 10 minutos para poder acomodar o máximo possível de jornalistas.
A entrevista do técnico Lionel Scaloni e do meia Alexis MacAllister estava inicialmente marcada para começar 16h15min (10h15min, no Brasil), na sala de entrevistas número 2 do centro de imprensa, mesmo local onde minutos antes havia falado o técnico holandês Louis Van Gaal e o atacante Menphis Depay.
Porém, ao perceberem a alta demanda, os oficiais da Fifa pediram que os jornalistas interessados em ouvir os argentinos se deslocassem para a sala de entrevistas 1, que é maior e comporta quase 250 pessoas. Mesmo assim, não houve espaço para todos.
Conforme as regras da Fifa, emissoras de rádio e televisão detentoras dos direitos de transmissão - como é o caso da Rádio Gaúcha - têm prioridade para entrar na sala. Neste caso, a entidade pediu que primeiro ingressassem os jornalistas argentinos e holandeses destes veículos. Apenas na sequência é que os profissionais de outros países — como o repórter que assina esta matéria — puderam entrar.
Por fim, os oficiais da Fifa verificaram o número de lugares disponíveis e autorizaram a entrada de um pequeno número de jornalistas de imprensa escrita ou de rádios e televisões não-detentoras dos direitos de transmissão. Ainda assim, vários ficaram de fora, gerando insatisfação por parte dos profissionais barrados.
Este tipo de situação é muito rara em Copas do Mundo. Como normalmente o evento é realizado em várias cidades diferentes, a imprensa acaba se dividindo entre cada sede e, normalmente, há lugar para todos nas entrevistas oficiais. Porém, como o Mundial 2022 é centralizado em Doha e em quatro cidades muitos próximas, a demanda acaba sendo muito grande, especialmente em jogos decisivos.
Na coletiva do Brasil, que ocorreu pouco mais de duas horas antes da Argentina, não houve qualquer tipo de tumulto. Porém, se a Seleção Brasileira chegar à semifinal, é provável que transtornos como ao que ocorreu envolvendo os argentinos se repitam também nas coletivas do técnico Tite.