A empresa pública de transportes de Londres (TfL) proibiu a veiculação de anúncios que promovam a participação das pessoas na Copa do Mundo ou que incentivem viagens com destino ao Catar. A medida faz parte de uma regulamentação criada pela instituição em 2019 contra nações que têm leis repressivas aplicadas a LGBT+, como é o caso do país-sede do mundial.
Há três anos, a empresa adotou a medida que consiste em examinar atentamente os anúncios e propagandas que são veiculados em seus ônibus, trens e metrôs. Se os conteúdos forem originados de alguma empresa ou instituição de um país conservador que condena as pessoas à morte por relações homoafetivas, a TfL manda retirar o material.
Antes do início da Copa do Mundo, um porta-voz da TfL já havia declarado publicamente que anúncios que promovam viagens ao Catar, turismo no país árabe e que retratassem a região como um destino desejável não seriam considerados aceitáveis.
— Também não serão considerados aceitáveis no momento os anúncios que prometam vendas de ingressos, incentivem a frequentar os jogos ou outros eventos no Catar — declarou recentemente o porta-voz da Tfl.
A rede de transportes público também informou que anúncios exibindo o logotipo da Copa do Mundo do Catar ou incentivando as pessoas a assistirem aos jogos pela televisão ou por serviços de streaming provavelmente serão considerados aceitáveis.
A empresa usa como base para essa medida uma lista compilada pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais (ILGA), que reúne mais de 1.,7 mil organizações de direitos LGBT+ em todo o mundo.
De acordo com o jornal inglês Financial Times, especializado em negócios e economia, o governo do Catar está repensando e revisando todos seus investimentos na capital britânica para uma possível retaliação contra a política da TfL.
Protestos em campo
A escolha do país árabe para sediar a Copa do Mundo foi duramente criticada por alguns artistas, jogadores e outras figuras públicas desde que a notícia se tornou pública. O motivo para essas manifestações é que o Catar é um dos 11 países onde a pena de morte para atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo é realmente aplicada. Nessa lista incluem outras nações como Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Os capitães da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, País de Gales e Suíça planejavam usar braçadeiras com as cores do arco-íris, símbolo da causa LGBT+,durante as partidas, como forma de protesto, mas a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) anunciou que os jogadores que estivessem utilizando o acessório poderiam receber cartão amarelo e medidas disciplinares. Por conta disso, os atletas precisaram encontrar outros meios para se manifestar.
Na estreia da Seleção Inglesa contra o Irã, em 21 de novembro, os jogadores ingleses se ajoelharam no campo e protestaram contra a decisão da Fifa em ter escolhido o Catar como sede para o mundial e de ter vetado o uso da braçadeira com o símbolo do arco-íris. O mesmo ato foi repetido pelos atletas em jogo contra os Estados Unidos, nesta sexta-feira (25).
A Seleção Alemã também encontrou um jeito de se manifestar durante a estreia no mundial. Pouco antes do jogo contra o Japão, ocorrido em 23 de novembro, os 11 jogadores alemães escalados cobriram a mão com a boca.
No mesmo dia do protesto, a Federação Alemã de Futebol explicou no Twitter que a ação era uma medida contrária à discriminação com LGBT+ e a proibição do uso do acessório com as cores do arco-íris: "Com a nossa braçadeira de capitão quisemos dar o exemplo pelos valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. De maneira clara e junto com outras nações. Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis. Isso deveria acontecer sem precisarmos falar. Mas infelizmente ainda não é. É por isso que esta mensagem é tão importante para nós. Impedir o uso da braçadeira é como impedir nossas bocas de falar. Nossa postura permanece", diz publicação da instituição esportiva.