Vida é sobrenome. O nome é Domagoj. Domagoj levava uma vida louca. Mudou. Ótimo para a sua Croácia, que chega a uma inédita final de Copa do Mundo depois de 21 edições. Melhor para o zagueiro de 29 anos e 1m85cm, que turbina a carreira.
Domagoj Vida apareceu na grande tela do Mundial da Rússia e garantiu posto entre os melhores zagueiros do torneio como atleta vinculado ao turco Besiktas. Antes, ao longos 12 anos de carreira, passou pelo ucraniano Dínamo de Kiev, dois títulos e ídolo, pelo alemão Bayer Leverkusen, sem sair da reserva, pelo conterrâneos Dínamo de Zagreb e Osijek, onde deu os primeiros passos como jogador. Frequenta a seleção da Croácia desde quando tinha 19 anos.
O futebol voltou a ser prioridade depois que encontrou Ivana Gurgic, em 2013, e sossegou – sem congelar as polêmicas. Conheceu a ex-miss Croácia 2014 quando, fã da noite, curtia a mesa cativa que levava seu nome em um exclusivo clube noturno de Zagreb. Ivana é mãe de David Vida. Nos ombros do pai, no perfeito gramado do Estádio Lujniki, um colosso de R$ 1,7 bilhão, em Moscou, o guri festejou a vitória sobre a Inglaterra, 2 a 1, e o desembarque na final do torneio, uma conquista. A imagem do garoto viralizou. A do pai, ainda precisa de reparos.
Na terra natal sua fama é de bad boy. Justa e merecida. Quando defendia o Dínamo, o time mais popular do seu país, estrelou um escândalo nacional. Abriu uma lata de cerveja (pivo, em croata) dentro do ônibus da delegação e começou a beber durante a viagem antes de um jogo decisivo por uma copa nacional. Ninguém sabe se foi uma aposta, pura sede, desafio ou o quê. Os goles custaram caro, quase uma cervejaria inteira. O zagueiro titular foi expulso do ônibus no meio do caminho pelos dirigentes. Pagou R$ 450 mil de multa (é, o dígito esta correto, cerca de 100 mil euros). Precisou desembolsar o salário de cinco longos e suados meses.
Ídolo local, venceu duas Ligas e uma Copa no país, disputou duas edições da Eurocopa e esteve na Copa de 2014. Entre junho e julho, Vida, não satisfeito com atuações marcantes, marcou até gol, voltou ao sanguinário ringue das redes sociais. Ao vencer a Rússia, jogador postou "Gloria à Ucrânia".
A saudação foi tomada como um acinte. Cada vez que o zagueiro tocava na bola na partida contra a Inglaterra era vaiado. As relações da Rússia com a Ucrânia não têm viés pacífico desde que Moscou anexou a Crimeia, quatro anos atrás, derrubou o presidente e deu força aos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
A Fifa ficou incomodada. Considerou o gesto político. Agressivo. O Kremlin não reagiu.
— Sei que cometi um erro. Gostaria de pedir desculpas — disse ele em uma coletiva.
Antes, com uma garrafa de cerveja gelada na mão direita, Vida havia estrelado outro vídeo.
— Belgrado queima — gritou.
A expressão seria alusão à guerra que sangrou croatas e sérvios na década de 1990. Belgrado é a capital da Sérvia e também da antiga Iugoslávia. Belgrado é também o nome de um dos bares favoritos de Vida durante os anos em que viveu na cidade de Kiev.