A missão argentina na Rússia não era fácil na tarde desta terça-feira (26): a equipe liderada por Messi precisava vencer a perigosa Nigéria e secar a estreante Islândia, que duelava contra a Croácia, simultaneamente. Mas se a seleção hermana entrou em campo pressionada para decisão do Grupo D da Copa do Mundo, a torcida porteña mascarava a ansiedade com um discurso de puro otimismo. Ao menos, em Porto Alegre.
Há quem diga que uma mesma história repetida muitas vezes acaba se tornando verdade. E ao que parece, los hinchas argentinos abraçaram essa teoria. GaúchaZH acompanhou os apaixonados torcedores de Mascherano e cia em um reduto do país vizinho na zona central da capital gaúcha. Para eles, não existia outro resultado se não a vitória.
— Não espero resultado diferente de uma vitória, com dois gols de Messi — tentou prever a cantora e compositora Mel Costa, de 28 anos.
Porém, para alguns, nem tudo eram flores. Ou melhor, cerveja e cigarro. Antes da bola rolar em solo russo, a torcida argentina chegou ao bar El Farol, famoso ponto de encontro entre os hermanos em Porto Alegre, com um semblante de preocupação. As más atuações na competição e nos últimos jogos fez com que parte da torcida não fosse tomada pela euforia.
— A Nigéria não é um adversário para se descartar, mostra que não é uma equipe fraca. Os africanos estão em ascensão nessa Copa. O jogo vai ser difícil, vai sobrar para o Messi decidir — ponderou o estudante de engenharia Matheus Martins, de 22 anos.
Messi, eleito cinco vezes melhor jogador do mundo, não é unanimidade. Peça essencial para o sucesso da Argentina na Copa, o camisa 10 não vinha apresentando seu bom futebol na seleção. Falta de efetividade que, segundo os torcedores, possui um culpado.
— O culpado é o Sampaoli pelo jeito que ele vinha montando o time. O Messi está jogando muito preso, tendo que buscar a bola — avaliou o argentino Ignacio Moreno, de 69 anos.
A cada toque do capitão argentino na bola, o grito era único: "Vamo Lio! Vamo Lio!". E o craque do Barcelona não decepcionou ao abrir o placar com um belíssimo gol. Porém, decaiu na segunda etapa após o empate nigeriano. Trazendo o ranço da torcida a tona:
"Dale Lio, Dale. Arriba Lio", cobravam.
Mas foi aos 40 minutos, com Rojo, que a tensão virou alívio e festa. A essa altura, não importava quem havia decidido. O certo é que com Sampaoli ou sem Sampaoli. Com crise ou sem crise. Com Messi ou sem Messi. A Argentina está garantida, mais uma vez, nas oitavas de final da competição mais importante do futebol mundial.
"Vamos, vamos Argentina! Vamos, vamos a ganar! Que esta barra quilombera, no te deja, no te deja de alentar", o mesmo cântico era entoado ao som do apito final.
Ora, a camisa pesaria na hora H e Messi desequilibraria. Foi assim nas Eliminatórias. Com emoção. Por que não repetir o mesmo desfecho no Mundial?
E a história aconteceu exatamente assim. Emoção foi o que não faltou na vitória magra, mas tensa, por 2 a 1 sobre a Nigéria no Estádio de São Petersburgo. Mas claro, los hinchas já previam.
— A gente sabia que ia ser assim, meu coração estava explodindo. Nunca acabaríamos assim — declarou aos gritos o proprietário do bar Alfredo Navarro, conhecido como "Papito", de 41 anos.
Com o resultado, a seleção argentina terminou a fase classificatória na segunda colocação do Grupo D com quatro pontos. No sábado (30), o adversário é a toda poderosa França em Kazan. Mas para quem tem o mago Messi, Mbappé não assusta.
— Quem és? Não conheço? Messi és o melhor — finalizou o torcedor argentino.