A Espanha desembarcou na Rússia como uma das grandes favoritas ao título da Copa do Mundo. A dois dias da estreia na competição, no entanto, uma bomba estourou no vestiário da equipe: o anúncio do acerto do técnico Julen Lopetegui com o Real Madrid para a próxima temporada irritou a federação espanhola, e o comandante foi demitido. O ex-zagueiro Fernando Hierro, então diretor-geral da seleção, assumiu o cargo.
Mais do que brigar pelo título, a missão de Hierro inclui devolver o orgulho do futebol nacional. Após o bicampeonato da Eurocopa, em 2008 e 2012, e o inédito título mundial conquistado na África do Sul, em 2010, o time chegou com moral ao Brasil para a Copa de 2014, mas acabou eliminado logo na fase de grupos – com direito a uma histórica derrota por 5 a 1 para a Holanda, na estreia. Dois anos depois, amargou ainda uma precoce eliminação para a Itália nas oitavas de final da Euro.
No clássico contra Portugal, o início bem que lembrou o de quatro anos atrás. Com apenas um minuto de jogo, Cristiano Ronaldo pedalou dentro da grande área e sofreu o pênalti que resultou no primeiro gol português. Durante o restante do jogo, o que se viu foi uma Espanha dominante no meio-campo e chegando quando queria à área adversária, mas sofrendo para se recompor no campo defensivo. Poderia ter vencido, é verdade, mas saiu com um empate em 3 a 3 graças à noite iluminada de Cristiano Ronaldo, que fez três gols.
Nesta quarta-feira (20), enfrentando o Irã, a equipe teve a chance de assumir a liderança do Grupo B, mas acabou freada pelo forte sistema defensivo montado pelo argentino Carlos Queiroz. Além do magro 1 a 0, o time de Hierro mostrou fragilidades defensivas nas raras vezes em que os iranianos se aventuraram para além da linha divisória do meio-campo – foram ao menos duas chances claras desperdiçadas e um gol anulado.
Na próxima segunda-feira (25), a Espanha precisa de apenas um empate contra o já eliminado Marrocos para garantir a vaga na próxima fase. Se avançar na segunda colocação, já que neste momento tem a mesma campanha de Portugal, corre o risco de enfrentar a Rússia em uma eventual oitavas e, depois, a França nas quartas de final.
Se quiser voltar a figurar entre as principais potências no futebol mundial e se livrar do trauma deixado pelas duas últimas grandes competições que disputou, a seleção espanhola precisará algo melhor do que vem mostrando na Copa do Mundo de 2018. A vitória contra o Irã foi importante, mas não anima para o futuro.