Um gaúcho de Pelotas, criado em Santa Cruz do Sul e formado na base da dupla Ca-Ju vive a expectativa de defender a Itália na Copa. Rômulo Caldeira, 26 anos, participou de dois dias de treinamento com a Azzurra e aguarda a definição dos 23 nomes do técnico Cesare Prandelli para o Mundial.
Versátil (atua como lateral, volante e atacante), Rômulo chegou em 2011 à Europa, depois de peregrinar por Caxias, Juventude, Metropolitano, Chapecoense, Santo André, Cruzeiro e Atlético-PR. Comprado pela Fiorentina, está emprestado ao Hellas Verona, uma das surpresas do Campeonato Italiano. O bom desempenho e a cidadania italiana valeram a convocação, que tirou a seleção brasileira das pretensões do meio-campista. Em entrevista por telefone, Rômulo deixa claro: quer defender a Itália. Confira os principais trechos.
Zero Hora - Depois de treinar com a seleção italiana, a Copa do Mundo ficou mais perto?
Rômulo - Fiquei muito honrado por ter sido chamado para os treinamentos. Estou confiante e acredito no meu trabalho, só tento evitar que a ansiedade atrapalhe o dia a dia do clube. O Prandelli vai anunciar pelo dia 13 de maio a lista. São 23 e mais sete suplentes. Coloquei nas mãos de Deus. Se vier, ficarei muito feliz.
ZH - Foi uma surpresa a convocação?
Rômulo - Foi uma surpresa porque só havia falado uma vez com o Prandelli. Ele conversou comigo uns 15 dias antes da convocação. Disse que vinha me observando e que a federação italiana analisava meus documentos. Se não houvesse impedimento legal, eu seria convocado.
ZH - Você foi convocado para jogar em qual posição?
Rômulo - Fui chamado como meio-campo, mas sou versátil e tenho uma boa condição física, características que o Prandelli procura. Posso jogar no lateral-direita, no meio ou como um atacante externo, em um esquema 4-3-3.
ZH - Se houvesse a chance de ser convocado pelo Brasil, você aceitaria?
Rômulo - Pela lei da Fifa, eu só ficaria impedido de jogar por outra seleção depois de fazer um jogo oficial, que não foi o caso. Mas já descartei o Brasil, quero defender a Itália, a seleção que apostou no meu futebol. Depois de ser chamado pela Itália, aceitar uma convocação do Brasil seria uma falta de caráter. Aceitei a responsabilidade de jogar pela Itália.
ZH - E como seria enfrentar o Brasil na Copa?
Rômulo - Tem uma chance de cruzamento nas quartas de finais, mas não pensei muito nisso. Se acontecer, vou defender a Itália com todas as minhas forças.
ZH - Você se sente mais italiano do que brasileiro?
Rômulo - Eu nasci e cresci no Brasil, meus pais vivem em Santa Cruz do Sul, parte da minha origem é brasileira e parte é italiana. Cheguei aqui em 2011 e me sinto muito bem, em casa. Pretendo continuar na Itália, manter a carreira na Europa.
ZH - Você já tinha cidadania italiana ou obteve o passaporte depois de ir para Europa?
Rômulo - Fiz o processo ainda no Brasil, pois minha descendência italiana é por parte de pai. Meus antepassados moravam em Mogliano, uma cidade perto de Veneza. Com as dificuldades na Europa, migraram para o Brasil e continuaram a história da família.
ZH - Como foi treinar com jogadores do quilate de Buffon e Pirlo?
Rômulo - Lembrei de quando eu tinha 13 anos, treinava em Caxias e via o Buffon jogar. Foi um prazer treinar, fazer as refeições e conversar com estes ídolos. Fui recebido muito bem.
ZH - Você já teve alguma sondagem da dupla Gre-Nal, tem desejo de voltar ao Brasil?
Rômulo - Houve uma sondagem forte do Inter em 2010, só que o clube fechou com o lateral-direito Nei. Não penso em voltar ao Brasil no momento, mas não descarto no futuro.
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