O técnico Clemer ganhou um grande desafio em 2017. Foi contratado pela direção do Brasil-Pel para ser o substituto de Rogério Zimmermann, que passou cinco anos no Bento Freitas.
Não bastasse esta missão, Clemer ainda chegou para uma tarefa ingrata: livrar o clube do rebaixamento à Série B. O que conseguiu na 36ª rodada, após vencer o ABC no Bento Freitas. Segundo ele, uma das razões para o time evitar a queda veio das arquibancadas. Confira na entrevista abaixo:
Como foi este trabalho na Série B, para a qual você foi contratado para salvar o Brasil do rebaixamento?
Chegamos ao clube com o time sendo o primeiro fora da zona de rebaixamento. Aí, tivemos que fazer toda a mobilização e trabalhos de preparação física, já que não houve boa pré-temporada e o condicionamento do grupo estava lá embaixo. Chegamos tentando dar uma padrão para eles, tudo isso sob a pressão de ganhar, somar pontos. Não é fácil. Sabíamos que ia oscilar. É muito desgastante, a Série B, ainda mais com um grupo de faixa etária alta. Prejudica. Mas, dentro do proposto, graças a Deus deu certo. Fizemos bons jogos, alguns sem ganhar, mas ficamos felizes por alcançar o objetivo antes de terminar o campeonato. O Brasil tem uma torcida muito forte e nos jogos finais eles viram a melhora da equipe.
O clube fez promoção de ingressos quando o "calo apertou". Foi uma ideia da comissão técnica isso?
Foi uma ideia da diretoria e foi um pedido nosso também. Foi um comum acordo para trazer o torcedor mais para perto do time. Queríamos os xavantes perto, porque fazem diferença. Eles dão uma energia positiva.
O que tem motivado o clube desde que o objetivo de evitar o rebaixamento foi alcançado? A vaga na Copa do Brasil Sub-17 (os 12 melhores da Série B garantem vaga na competição de base), para ajudar o clube estruturalmente?
Já sabíamos desde que chegamos que dependendo da classificação o clube recebe uma quantia financeira melhor. Mas, antes disso, entra a responsabilidade como profissional de terminar bem, mantendo este padrão. Porque quando se veste a camisa do clube tem muita coisa por trás, isso também conta muito. Não gosto de perder.
Você fica no clube em 2018?
Não falamos nada sobre renovação. Estamos focados no campeonato.
Quando você chegou ao clube, como fez o planejamento, já que provavelmente nem conhecia todos os atletas do grupo?
Não foi nem um projeto. Foi um planejamento, que não deu certo no começo, mas conseguimos ajeitar alguma coisa e pudemos ajudar. Primeiro você pega umas informações, monta alguma coisa e vê, dentro do que gosta de característica, as peças para montar a equipe. E com o andamento da competição vai montando, corrigindo.
Qual o peso da torcida do Brasil nos jogos decisivos?
Foi fundamental. A torcida sempre que lotou estádio foi um diferencial para a equipe. A torcida é muito empolgante e a energia é passada para os atletas. Jogador gosta de jogar com estádio cheio. Se nas primeiras partidas fosse assim, talvez poderíamos ter ido até mais longe.
Você já treinou o Inter, depois passou por clubes de estrutura menor. O técnico anterior do Xavante, Rogério Zimmermann, dizia que precisava fazer papel de técnico, psicólogo, enfim, "acumular funções" no Brasil. Você se sente um pouco sobrecarregado no Bento Freitas?
Não. Claro que o papel do treinador é o principal na comissão técnica, mas tenho pessoas que ajudam muito. Os meus auxiliares, José Leão e Rubens Cardoso, o preparador físico, João Goulart, enfim, todos ajudam muito.