Um usuário inveterado de clichês diria que 2017 foi um "teste pra cardíaco" para os torcedores do Brasil-Pel. De quase rebaixado no Gauchão a quase rebaixado na Série B (aqui, com certa licença poética e matemática), o clube experimentou nesta temporada o que desde 2013 não ocorria: um ano, sob ponto de vista crítico, ruim. E uma explicação para isso remete ao fim de 2016. Neste período, chegaram ao fim contratos de vários jogadores. Assim, sem nem sequer poder lucrar com vendas, o time perdeu boa parte da ótima base que tinha. Então, precisou ir ao mercado, cometendo, nesta etapa, graves erros ainda sob o comando de Rogério Zimmermann.
Acostumado a errar pouquíssimo nas contratações nos cinco anos em que esteve no Bento Freitas – recordo como grandes exemplos apenas os laterais Júlio Lopes e Kaká –, o técnico, nesta temporada, junto ao seu staff, errou em pelo menos quatro aquisições para o Gauchão. Algo quase proibido em um clube com o orçamento xavante.
Aí, deu no que deu. Campanha péssima, susto enorme no torcedor e reciclagem fundamental para a Série B. Suficiente? Claro que não. Pois enquanto alguns times chegaram ao Nacional minimamente entrosados e outros, mais abastados, se reforçaram com grandes nomes (levando-se em conta o nível de disputa), o Brasil não amealhava nem um fator nem outro. O efeito bola de neve, originado no Estadual, foi sentido na Série B. Que, por mais sorte do que juízo, terminará bem.
Será um desfecho a ser comemorado. Mas por razões que não podem ser escondidas. Primeiro: é fundamental deixar claro que existem times bem inferiores ao Xavante na Série B. Segundo: a equipe rubro-negra passou a ter mais jogadores de qualidade no grupo ao longo do Nacional. Terceiro: quando o calo apertou de vez, na 34ª rodada, contra o bom Paraná, a torcida fez toda a diferença em casa.
São algumas lições que se apresentam para serem absorvidas pela competente direção rubro-negra. Que, se me permitisse um único conselho, seria este: planeje o Gauchão como se fosse a Série B, com jogadores interessantes como Itaqui, Rafinha, Misael, Lincom. Feito isso, as contratações para o segundo semestre serão pontuais. Talvez, negócios de ocasião. A base de time estará pronta. E os batimentos cardíacos da torcida xavante bem mais estáveis do que em 2017.