A Fórmula 1 e a Prefeitura de São Paulo chegaram a um acordo para estender o contrato para a realização do GP brasileiro no Autódromo de Interlagos até 2030. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (3), na presença do chefão da F1, Stefano Domenicali, do prefeito Ricardo Nunes e do CEO do GP, Alan Adler.
— Quando tivemos conhecimento de que outras cidades estavam se candidatando para receber a Fórmula 1, propusemos um diálogo e estendemos o nosso contrato até 2030. Algo de suma importância para nossa cidade e nosso País — afirmou o prefeito.
Originalmente, o contrato com São Paulo para a realização do Grande Prêmio tinha validade até 2025. Ele havia sido assinado pelo então prefeito Bruno Covas, que morreu em 2021, vítima de câncer. Com o novo vínculo, Interlagos garante mais sete etapas no mais tradicional autódromo brasileiro.
— Estou muito feliz com este anúncio. Temos de lembrar do Bruno Covas, que assinou aquele contrato. Agora estamos passando para a segunda fase, junto com o Nunes e a prefeitura que fizeram um grande investimento pensando no futuro — ressaltou Domenicali.
O valor do "fee", taxa paga pela cidade à F1 para receber o Grande Prêmio, é estimado em US$ 125 milhões (cerca de R$ 612 milhões, na cotação atual) pelo cinco primeiros anos. De acordo com Nunes, um valor equivalente será replicado pelo restante do vínculo com a Fórmula 1. A prefeitura também pagou R$ 100 milhões para o fundo de investimento Mubadala para promover a organização do GP pelos cinco anos iniciais.
— Em 2019, a cidade de São Paulo estava longe de assinar com a F1. Quero agradecer ao Domenicali por este voto de confiança. Serão mais sete anos gerando renda e empregos. Temos uma preocupação em deixar um legado de inclusão e diversidade, melhorando a experiência dos fãs a cada ano — disse Adler.
A prefeitura afirma que o GP de São Paulo gera 20 mil empregos diretos e uma estimada movimentação de R$ 1,3 bilhão por ano. Há uma previsão de que nos próximos cinco anos haja um investimento de R$ 210 milhões na infraestrutura do autódromo para que ele esteja apto a receber concomitantemente a Fórmula 1 e outros eventos voltados para o entretenimento.
Histórico
O novo acordo confirma a confiança da cúpula da F1 na capital paulista anos após uma dura batalha entre a cidade e o Rio de Janeiro para receber a etapa. A capital fluminense tinha projeto de construir um novo autódromo no bairro de Deodoro para fazer um contrato de longo prazo.
O grande entrave de toda a negociação envolvendo as duas cidades foi o pagamento da taxa de promoção, cobrada pela Fórmula 1 para cada um dos promotores que realizam provas. Nas edições de 2017, 2018 e 2019, por exemplo, o GP do Brasil era o único ao lado de Mônaco a não pagar a taxa devido a um acordo feito com o então chefe da F1, Bernie Ecclestone. Depois que o grupo Liberty Media assumiu o controle da categoria, a empresa procurou fazer da etapa brasileira um evento mais lucrativo e vantajoso.
Até 2019 a F1 pendia para o lado carioca desta disputa nacional. O próprio Alan Adler admitiu nesta sexta que a categoria estava mais distante de São Paulo. O que mudou a história desta disputa foi a mudança na cúpula da F1. Saiu o empresário americano Chase Carey, especialista em mídia e entretenimento, e entrou Domenicali, ex-chefe da Ferrari, com longa história no campeonato. E, desde sua chegada ao topo da F-1, o italiano demonstrou preferência por São Paulo e por Interlagos, um dos autódromos mais tradicionais da categoria.