Principal categoria de automobilismo nos Estados Unidos, a Nascar terá neste sábado (22), às 17h, um gaúcho no grid. Um gaúcho velho conhecido dos carros de turismo americanos, aliás: aos 37 anos, Miguel Paludo vai para sua segunda prova na temporada pela Xfinity Series. Único brasileiro presente no campeonato, Paludo tem no histórico três temporadas completas pelas diferentes divisões da Nascar.
Natural de Nova Prata e piloto “em tempo integral”, ele espera repetir no Circuito das Américas — pista que também recebe o GP dos EUA de F-1 — o bom desempenho que teve na estreia em 2021, em Daytona, quando foi para a prova sem nenhum treino.
Você tem experiência na Nascar, mas estava fora da categoria desde 2014. Como conseguiu este retorno?
Foi uma grande oportunidade que apareceu depois que venci a Porsche Cup brasileira no ano passado. Meu patrocinador, em 2015, passou a operar no Brasil. Moro em Mooresville, na Carolina do Norte, mas perguntei a eles se não podia competir na Porsche Cup, que eu já tinha vencido em 2008 e 2009. O pessoal da empresa sabia que eu queria voltar para a Nascar, fomos conversando, e prometeram que, se eu fosse dominante na Porsche, tentariam algo. Bem, fomos dominantes, com várias vitórias, várias poles. Venci o campeonato, fomos jantar e falei: “Finalmente fechamos todos os quesitos. Quem sabe não podemos voltar para a Nascar?” O diretor mandou uma mensagem para a chefe da equipe JR Motorsports, uma das mais fortes do automobilismo daqui, e fechamos na hora. Combinamos espaço para mim em três provas. O desafio é do tamanho da oportunidade, mas é gratificante pelo nível que estou na carreira.
E o que pode esperar da prova? Será a primeira vez da Nascar nesta pista, novidade para todo mundo.
Na primeira prova, não tive treino, só simulador, e eu não conhecia Daytona. Mas estava preparado, pelo momento que vivo na minha carreira. Estou em uma das melhores equipes, um trabalho fantástico. Larguei no 35º lugar, cheguei a andar no top-5, tive pneu furado e acabei em sétimo. Isso elevou nossas expectativas. Agora, vai ter treino e classificação. A experiência da primeira prova, vai ajudar e muito com a estratégia para a corrida. Depois, faço mais uma prova, em Mid-Ohio. A equipe dividiu um dos carros para quatro pilotos neste ano.
A Nascar não é uma categoria muito visada por brasileiros. Como você foi parar aí?
Desde pequeno, sempre assistia às corridas e sempre tive este sonho. Brilhava meus olhos, pela grandiosidade, a quantidade de patrocinadores. A vida foi acontecendo. Comecei tarde no kart, com 11 anos. Fiz minha carreira, venci duas vezes seguidas a Porsche Cup. Teria a chance de ir para a Europa ou para a Stock Car. Aí um conhecido me apresentou a um engenheiro brasileiro da Toyota, conversamos e fui acompanhar uma corrida, no fim de 2009. Nisso, me falaram que teria um teste da Truck Series. Fiz o teste, fui bem, corri em categorias regionais e me mudei com minha esposa para cá, isso em 2010. Participei de três corridas da Truck Series e consegui espaço para três temporadas completas em 2011, 2012 e 2013.
E como foram os resultados?
O melhor ano foi 2013. Nos anteriores, fui sem conhecer muitas pistas. A Nascar é uma categoria que pensa a longo prazo. Em 2013, fiz poles, cheguei em segundo lugar, fiz top-5. Terminei em nono no campeonato. Infelizmente, perdi o patrocínio pra 2014 e fiquei sem competir até o fim do ano e, em 2015, passei a correr de novo na Porsche no Brasil. Não é fácil, mas vivo 100% do automobilismo. Sempre fui para onde a carreira me levava e agora estou aqui, adaptado, com esposa, filho. Não posso reclamar.