A segunda-feira (17) foi diferente para parte dos atletas que irão para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio. Pouco antes das 13h, horário previsto para o início da vacinação, o ginasta Luís Porto, do Grêmio Náutico União, adentrou o saguão da Policlínica Militar na avenida João Pessoa e subiu ao quarto andar do prédio, lá, na sala 413, fez a triagem para ser o primeiro a ser imunizado com as doses doadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em Porto Alegre.
Além dele, outras 43 pessoas são esperadas para tomarem a vacina — atletas, paratletas, comissões técnicas e demais profissionais envolvidos nos Jogos que viajarão para o Japão — até quarta. Depois de 21 dias, os imunizados irão retornar a um posto médico para receberem a segunda dose da vacina da Pfizer, completando, assim, a imunização.
— É uma dose de esperança para a gente. Já tinham algumas competições marcadas, mas foram canceladas em virtude da pandemia. É bom saber que agora sim vamos voltar a competir, participar dos eventos e brigar por medalhas. Poderíamos correr muitos riscos sem a vacina — disse o Porto, que ainda depende de convocação da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) para ser confirmado em Tóquio.
A vacina, em parte, garante um pouco mais de tranquilidade para quem irá para a sua primeira Olimpíada, caso de Samory Uiki, do salto em distância. O atleta da Sogipa conseguiu vaga no Japão no final do mês de abril, quando saltou 8m23cm em uma competição em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.
— Isso dá muita tranquilidade, a gente vinha com essa preocupação, como não estávamos vacinados, vínhamos correndo riscos, né? Treinando todo dia, sabia que alguns atletas em outros países já estavam vacinados. Tendo essa tranquilidade, teriam essa vantagem. Isso foi uma baita notícia, vim logo que me chamaram. Agora, é chegar lá bem, vacinado e fazer o melhor resultado possível — ressaltou.
Porto Alegre também serviu para receber atletas de outras cidades da região sul. Matheus Correa, garantido na prova da marcha atlética 20km, veio de Blumenau para ser vacinado. Assim como ele, Anderson Henriques, corredor dos 400m e do revezamento 4x400m, que é gaúcho, mas treina em Santa Catarina, foi imunizado na capital gaúcha.
— É um privilégio, aos 21 anos, sem qualquer comorbidade, ser vacinado. Meus pais já tiveram covid-19, meu pai ficou bem mal, se recuperou, mas não tem vacina. Tenho uma tia entubada na UTI também que não tem vacina. É uma segurança saber que, caso pegue a doença, os sintomas podem ser mais brandos do que o normal — admitiu Correa.
Os paratletas que irão a Tóquio também foram recebidos na Policlínica Militar. Vanderson Chaves, esgrimista na cadeira de rodas do Grêmio Náutico União, que irá para a sua segunda Olimpíada, foi um deles. Ao lado de Mônica Santos, garantida na mesma modalidade, os dois foram imunizados.
— Uma sensação de gratidão, é muito gratificante poder receber a vacina. Não só por estar indo para a Paraolimpíada, mas pela questão da saúde. Uma coisa que nos deixa mais tranquilo para estar focado nos treinos. Agora é manter a sequência, porque estamos pertinho (risos) — salientou Vanderson.
Alguns judocas, casos de Maria Portela, Aléxia Castilhos e Mayra Aguiar, medalhista de bronze no Rio 2016, também foram vacinados nesta segunda. Parte desses atletas irá para o Campeonato Mundial de judô, que será realizado entre os dias 6 e 13 de junho, em Budapeste (Hungria). Trata-se do último evento valendo pontos no ranking de classificação para os Jogos de Tóquio.