Como o título já foi garantido para Lewis Hamilton, o GP do Brasil de Fórmula-1, neste final de semana, será basicamente um amistoso para os pilotos e equipes do grid. Em jogo, apenas a disputa do Mundial de Construtores, ainda em aberto entre Mercedes, com 585 pontos, e Ferrari, com 530. Fora isso, o clima já é de fim de festa entre os competidores. Mesmo que a expectativa seja de uma boa corrida – algo que tem sido costumeiro em Interlagos –, não é isso que tem movimentado o paddock.
Cada um ao seu jeito, os pilotos têm tratado de temas que vão desde um passado glorioso em São Paulo até o pessimismo em conseguir um bom resultado no Autódromo José Carlos Pace. Os treinos livres começam nesta sexta-feira (9), com sessões às 11h e às 15h. No sábado, é a vez do treino de classificação, também às 15h, e a corrida terá 71 voltas no domingo, a partir das 15h10min.
Vice como prêmio de consolação
Sebastian Vettel se apresentou em Interlagos sob uma condição incômoda. O alemão da Ferrari não escondeu o abatimento com o fato de não ter mais chances de disputar o título depois de ficar na liderança do campeonato durante a primeira metade do ano. Mas garantiu que vem para a corrida movido pelo desejo de não desistir.
– Ainda tenho uma missão aqui, ainda quero vencer. Isso não mudou. A corrida no México foi difícil de engolir, mas desistir não é uma opção – afirmou o piloto, dono de cinco vitórias nesta temporada, a última delas na Bélgica, há quase três meses.
Vettel venceu duas vezes no Brasil, a últimas delas no ano passado. Em 2017, o piloto também desembarcou em São Paulo logo depois de ver o título ser decidido no México. A situação desagradável para ele se repete agora neste ano. Por ser a penúltima prova da temporada, o GP na capital paulista apresenta para o ferrarista a possibilidade de começar a se preparar para 2019.
– Me considero parte do time, nem melhor e nem pior do que ninguém. Acho que conheço meu trabalho, meu papel. Temos de olhar para frente ano que vem – completou o vice-campeão mundial.
Lembranças de um bicampeonato
Fernando Alonso vai fazer neste domingo a sua despedida do GP mais marcante de sua carreira na Fórmula-1. Foi em Interlagos que o espanhol conquistou e festejou os seus dois títulos mundiais, em 2005 e 2006, ambos pela Renault. Ontem, o piloto da McLaren relembrou a sua relação com a pista paulistana.
– Tenho boas memórias. Foi aqui que conquistei meus dois títulos. Aqui eu lutei pela taça, ganhei, perdi e tive episódios diferentes – afirmou Alonso, ao destacar o famoso momento em que sentou em uma cadeira de praia na beira da pista, no GP de 2015. Na ocasião, em um treino livre de sexta-feira, ele teve problemas com sua McLaren, algo recorrente nos últimos anos.
Insatisfeito com mais uma quebra, ele abandonou o carro e aproveitou a cadeira de um fotógrafo, próximo da pista, para "relaxar" diante do sol, como se estivesse numa praia. Foi um protesto disfarçado do espanhol, que vinha demonstrando irritação crescente com as dificuldades técnicas da McLaren. A imagem virou "meme" nas redes sociais logo em seguida.
A própria McLaren lembrou do episódio nesta quinta (8), ao fazer uma "homenagem" ao piloto. Buscou uma cadeira semelhante para exibir diante do camarote da equipe no paddock de Interlagos. No encosto da espreguiçadeira, há mensagens de incentivo e elogios ao piloto, que deixará a categoria ao final do ano. Alonso aceitou a brincadeira e posou para fotos sentado na cadeira.
– Vamos tentar fazer uma boa despedida. Aqui o tempo sempre muda, é difícil de prever. Quero fazer uma corrida limpa para chegar à zona de pontuação – completou.
Sem chances de repetir vitória
Vencedor da última etapa, o GP do México, o holandês Max Verstappen disse que não acredita em repetir a dose e ganhar o GP do Brasil. Em entrevista coletiva, o piloto da Red Bull afirmou não ver nenhuma chance de vencer a prova, pois as características da pista não parecem favoráveis ao seu carro.
– Não temos chance. Mesmo com chuva na classificação, não teremos condição. Vamos tentar fazer o melhor que pudermos, mas sabemos que essa pista e a de Abu Dhabi não são as melhores para nós – disse o holandês, que venceu neste ano as provas da França e do México. Ele é o quinto na classificação geral, à frente do companheiro de equipe, o australiano Daniel Ricciardo.
Apesar do pessimismo com Interlagos, o piloto se destacou nas duas últimas provas realizadas no Brasil. Em 2016, ele conseguiu ganhar mais de 10 posições sob chuva forte e subiu no pódio em terceiro. No ano passado, o holandês conseguiu cravar a volta mais rápida da história do circuito ao quebrar um recorde que já durava 13 anos. Por isso, afirmou que, mesmo sem expectativas de bons resultados, gosta de guiar na pista paulista:
– As duas primeiras curvas são muito legais, o miolo também é interessante, por ter curvas com inclinações diferentes. É sempre muito difícil de encontrar a linha certa. É um desafio.