O uso do celular na escola ainda é controverso. Sem uma legislação que regre sua utilização, o que prevalece são orientações e o trabalho dos educadores para que ele seja (ao menos, na teoria) um aliado no ensino.
No fim do mês de outubro, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados avançou com um projeto de lei – que ainda precisa ser aprovado pelos deputados e senadores para se tornar lei. O texto proíbe o uso do celular e de outros aparelhos eletrônicos, por alunos da Educação Básica, em escolas públicas e particulares, até mesmo no recreio e nos intervalos entre as aulas.
A proposta autoriza a utilização, no entanto, para atividades pedagógicas. O presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), Oswaldo Dalpiaz, afirma que a entidade acompanha a discussão na Câmara dos Deputados e, se o projeto de lei for sancionado, as escolas particulares o cumprirão.
— No momento, entendemos que essa decisão deve ficar a cargo da escola, de acordo com seu projeto pedagógico e a realidade da sua comunidade — observa, reforçando que na Convenção Coletiva de 2024 da Educação Básica foi aprovada uma cláusula que orienta as instituições a elaborarem um protocolo para estabelecer condições para o uso do celular em sala de aula.
Essa orientação da convenção é seguida nas escolas do Sesi-RS. De acordo com a gerente da área de Educação da entidade, Sônia Bier, quando os professores fazem o planejamento das aulas, incluem o celular com uso para fins pedagógicos.
— A sociedade usa o celular de forma abusiva e existe a questão do vício nas telas. Assim, temos um combinado de que os alunos deixem o celular na mochila e usem quando for o momento. A ideia é que aprendam a dosar o uso e orientá-los para que possam tirar o melhor dessa ferramenta tão potente — destaca Sônia.
Acesso ao mundo
Para a professora e pesquisadora na área de Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Raquel Salcedo Gomes, toda vez que surge uma nova tecnologia, ela traz problemas e soluções. O celular segue esta regra.
— É uma tela que dá acesso ao mundo às crianças e aos adolescentes. Além disso, tem um potencial viciante. Estar online, portanto, exige acompanhamento — coloca.
Por isso, para Raquel, é importante o que muitas escolas já colocam em prática, educando quanto ao uso e oportunizando a utilização pedagógica. Para ela, cabe às instituições de ensino a alfabetização digital e ensinar o que é informação confiável.
— O celular é uma tecnologia de aquisição de conhecimento e o desafio da escola é usá-lo para que os alunos tenham conteúdo aprofundado, e não aquele conteúdo de consumo imediato, que representa apenas tempo perdido — avalia
*Produção: Padrinho Conteúdo