A Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) do governo Eduardo Leite (PSDB) deu o aval para a criação do programa que pagará 1 mil bolsas para universitários em cursos de licenciatura em solo gaúcho. A estratégia, chamada de Professor do Amanhã, foi desenhada para combater a queda no número de professores na rede estadual.
O programa pagará R$ 800 por mês para custear a mensalidade em cursos de licenciatura e mais R$ 800 para o aluno como auxílio para permanência nos estudos, segundo a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia.
Após a conclusão da graduação, o formado deverá trabalhar ao menos 1.920 horas na rede estadual gaúcha – o equivalente a um ano de dedicação por 40 horas semanais.
Entre os critérios que serão avaliados nos candidatos às bolsas, estão: ter cursado o Ensino Médio completo em escolas da rede pública ou com bolsa em privadas; ser professor efetivo da rede pública estadual sem ter diploma de graduação; e ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano anterior e ter obtido ao menos 400 pontos na média.
O Professor do Amanhã é coordenado pelo gabinete do vice-governador, Gabriel Souza (MDB), e será executado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia. Neste momento, a política pública está na última etapa dentro do governo, sob análise da Casal Civil, antes de ser enviada como projeto de lei para votação na Assembleia Legislativa, de acordo com o gabinete de Souza.
Não há data para envio à análise de deputados estaduais, mas o programa será lançado oficialmente por Leite, que tem declarado que a educação é a prioridade número um de sua segunda gestão à frente do Piratini. A iniciativa quer aumentar o número de docentes em escolas gaúchas ante à falta de mão de obra, fruto do desinteresse na carreira docente.
Seguindo tendência nacional, a quantidade de professores formados em cursos presenciais está em forte queda – já os alunos de cursos em educação a distância (EaD), mais baratos, seguem forte crescimento.
Todavia, mesmo com a ascensão do EaD, no saldo final alguns cursos ainda assim registram queda no número total de diplomados. Letras, Matemática, Biologia, Física e Educação Física tiveram menos formandos em 2021 do que em 2015, mostram dados do Ministério da Educação (MEC) analisados pelo Palácio Piratini (veja o gráfico). Pedagogia, Filosofia e Química tiveram aumento, puxado pelos cursos com aulas a distância.
O lobby para a criação do programa partiu do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), que inclui grandes instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul – entre elas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e Universidade de Passo Fundo (UPF), entre outras.
Mas as bolsas não serão exclusivas às instituições do grupo, segundo a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, e sim a todas as universidades comunitárias. O curso de licenciatura precisará ter nota 4 ou 5 (em uma escala de 1 a 5) em avaliação do MEC.