Incentivar o empreendedorismo feminino, qualificar mulheres na área da construção civil – com foco na pintura – e disseminar informação. Esses são alguns dos objetivos do projeto Elas em Cores, uma formação com duração de dois meses voltada para mulheres que moram em comunidades da zona sul de Porto Alegre. As aulas são realizadas todas no período da noite, no campus da UniRitter. Na primeira edição do projeto, 20 alunas foram selecionadas.
Para a manicure Raquel de Ávila Moreira, 41 anos, moradora do bairro Santa Tereza, o curso chegou em um momento importante da vida. Essa está sendo a primeira atividade que ela participa após se recuperar de um problema de saúde.
— Estou em um momento em que eu quero recomeçar. Então, vou aprender, conhecer novas pessoas. Quem sabe eu até comece a trabalhar com pintura — diz Raquel, que soube do curso pela irmã, que já fez outras formações oferecidas pela UniRitter.
A líder social Taty Cardoso, 39 anos, que também mora no bairro Santa Tereza, afirma que ficou tão animada com as aulas que fez questão de adiar outros compromissos para conseguir comparecer a todos os encontros:
— Eu moro bem perto (da universidade). Daí quando eu fiquei sabendo do significado do projeto e da questão de depois poder transformar isso em uma profissão, que pode vir a gerar renda, eu resolvi ir.
Parceria
Além de transformar a própria realidade, Taty deseja que mais pessoas participem. Ela quer, após o curso, falar da própria experiência para outras mulheres da comunidade, para que também possam ser inscrever nas próximas edições.
De acordo com a arquiteta e urbanista Lívia Falcão, professora e coordenadora educacional do projeto Elas em Cores, o curso faz parte do programa de extensão universitária da UniRitter e é feito em parceria com a empresa Sherwin-Williams. Além disso, também participaram da elaboração do curso e seleção das alunas a União de Vilas da Grande Cruzeiro e a Associação de Mulheres Solidárias da Grande Cruzeiro.
Durante os encontros, que são divididos em módulos semanais, as alunas terão acesso a diversos conteúdos. Mercado de trabalho na construção civil, liderança, tipos de tinta, patologias da construção civil, cores, carreira, vendas, são alguns dos temas abordados.
— Vimos isso (a criação do curso) como uma necessidade. Era preciso ter uma atividade que agregasse renda mas que, ao mesmo tempo, desse autonomia para elas (as alunas) melhorarem a casa, a comunidade. Foi algo feito a muitas mãos — conta Lívia.
Detalhes que fazem a diferença
As peculiaridades de cada tinta, os cuidados necessários para diferentes tipos de materiais e as possibilidades de renda no setor. Esses foram os pontos que mais chamaram a atenção de Taty e de Raquel na primeira aula, que ocorreu na segunda quinzena de maio.
— Eu não sabia que tinham tantos tipos de tinta. Tem a questão de ter ou não reboco, de ter sido usada a massa corrida. Esses detalhes eu não fazia ideia — conta Raquel.
No fim do curso, previsto para ocorrer em julho, as alunas terão uma atividade de mutirão de pintura em algum local da comunidade em que vivem, que ainda será definido. A proposta é que elas possam colocar em prática tudo que aprenderam durante as semanas de aula.
A UniRitter planeja ampliar o projeto. Por isso, há a possibilidade da abertura de novas turmas. A ideia, segundo Lívia, é que seja um modelo mais robusto, talvez com mais encontros, carga horária maior, módulos mais completos e longos.
— Estamos sempre convidando outros parceiros do mercado para agregar nessas aulas, queremos ampliar — detalha a professora.