Com 32 votos a favor e 23 contra, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aprovou, em reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), nesta quarta-feira (5), proposta de mudança nas formas de ingresso nas graduações da instituição, com a volta do vestibular. Com exceção de editais específicos para refugiados e indígenas, o acesso à universidade ocorria por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) desde 2014.
A proposta prevê que 30% das vagas sejam preenchidas pelo Sisu, outros 30% por um vestibular feito pela UFSM. Os demais 40% dos ingressos devem ocorrer por meio de um processo seletivo seriado (PSS), com a aplicação de provas parciais entre estudantes ao final de cada um dos três anos do Ensino Médio.
A mudança ocorrerá de forma gradual até 2026. Será iniciada no segundo semestre de 2023, com a retomada do vestibular para o preenchimento de 30% das vagas e a utilização do Sisu para as 70% restantes. Como o PSS prevê a realização de provas parciais ao longo de três anos, esse percentual será mantido até 2025 — a partir do ano seguinte, os três exames já terão sido realizados entre os alunos de Ensino Médio e será possível destinar 30% das vagas para essa forma de seleção.
O candidato poderá concorrer nas três formas de ingresso.
Com a aprovação, também estão garantidas ofertas de até 5% de vagas extras para quilombolas, até 5% para pessoas trans e até 5% para pessoas com deficiência. Há também vagas previstas para medalhistas de Olimpíadas de Conhecimento, para idosos e para atletas de alto rendimento. Editais específicos para refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade e para indígenas, já existentes, serão mantidos.
Proposta foi recebida com protestos
Desde que surgiram as propostas sobre o retorno do vestibular, a comunidade estudantil foi contrária. O entendimento, segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), é de que o processo é elitista e regionalizado, posto que a vinda de candidatos de baixa renda para concorrer às vagas em um processo local. Além disso, os estudantes alegam que as oportunidades para debater o tema não foram suficientes.
Já a reitoria afirma que o vestibular resolveria um problema de baixo preenchimento das vagas na instituição, que vem sido percebido nos últimos anos. O reitor,Luciano Schuch, defende também que uma universidade plural deve ter formas de acesso plurais, e não apenas pelo Sistema de Seleção Unificado.
A votação estava prevista para a última quinta-feira (30), durante a reunião do Cepe. Porém, no momento em que seria feita a deliberação, um grupo entrou na sala onde ocorria o encontro e protestou contra o processo, o que fez a votação ser suspensa. O DCE tentou marcar uma reunião com o reitor para a última segunda-feira, mas não foi recebido. Com isso, foi realizado outro ato no prédio da reitoria, que chegou a ser ocupado.
O encontro para debater o assunto aconteceu na terça-feira pela manhã. Os manifestantes seguiram ocupando o local até a manhã desta quarta (5), quando se seguiu a reunião do Cepe.