No dicionário, a palavra inclusão é definida como o ato ou efeito de incluir, compreender, inserir. Termos extremamente importantes para a educação e que estão no centro da pauta da Educação a Distância (EAD). De acordo com dados publicados em 2021 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 55 mil estudantes matriculados em cursos de graduação no Brasil, em formatos a distância e presencial, possuem algum tipo de deficiência.
Um número significativo e que passa por um crescimento a cada novo levantamento realizado, em especial nas últimas duas décadas. Em 2005, o Ministério da Educação (MEC) realizou o lançamento do Programa de Acessibilidade na Educação Superior. A proposta conta com ações que possibilitam o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições federais nos cursos e, desde 2016, universidades públicas devem reservar um número mínimo de vagas.
Com o surgimento dos ambientes virtuais de aprendizagem e a criação de novas vagas em cursos de EAD, cresceram as possibilidades de acesso de Pessoas com Deficiência (PCD) à formação superior. O espaço digital tornou-se um ambiente interessante para quem tem dificuldades de locomoção ou até mesmo outras deficiências, como surdez ou baixa visão. Para a coordenadora pedagógica de projetos de Graduação e Pós-Graduação EAD da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Juliana Chaves, pensar uma educação inclusiva exige uma ampliação do olhar para a diversidade.
— As pessoas com deficiência que buscam estudar a distância possuem um perfil interessado na modalidade. Portanto, buscam maior flexibilidade de horários, conteúdos atualizados e disponíveis em ambientes que potencializam a aprendizagem. A presença destes alunos no contexto da EAD é uma conquista para o campo da educação e mais ainda para o Ensino Superior — afirma Juliana.
Mais vagas destinadas às pessoas com deficiência são um grande avanço, mas o caminho para a permanência deste público na educação superior também exige outras questões, como a produção de materiais específicos e outras soluções para garantir uma aprendizagem plena. Juliana reforça que esse é um ponto importante dentro dos projetos de Educação a Distância da universidade em que trabalha.
— Existem recursos e tecnologias disponíveis nas plataformas de ensino mas, para além disso, há o investimento na produção de materiais e recursos de aprendizagem que contemplem critérios de acessibilidade, tais como legendas, audiodescrição, fontes aumentadas e avaliações diferenciadas. Ainda, em casos de necessidades específicas, são discutidas e produzidas as adaptações curriculares para garantia da aprendizagem — explica.
Paralelo ao investimento em materiais e plataformas acessíveis, as instituições também precisam se dedicar à atualização de seu corpo docente para receber com mais qualidade e conforto alunos com deficiência. A coordenadora pedagógica da Área de Ciências Médicas da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Aline Pin Valdameri, salienta que o envolvimento de coordenadores, professores e tutores dos cursos da modalidade EAD é primordial para a construção de um bom ambiente para os alunos.
— Todos participam dos encontros trimestrais com a psicopedagoga para receber informações sobre os estudantes, para pensar em metodologias acessíveis, acompanhar o desenvolvimento acadêmico, envolver-se na produção de materiais adaptados e pensar em estratégias e avaliações. Além disso, são organizadas capacitações de professores ofertadas pelo Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP) da instituição, com a finalidade de favorecer o aprimoramento e a atualização didático-pedagógica — informa.