A pouco mais de 10 dias de assumir uma das áreas mais delicados em razão da pandemia de covid-19, a futura secretária estadual da Educação Raquel Teixeira chega ao Rio Grande do Sul no dia 22 com o histórico de ter ajudado a alavancar os índices da área em Goiás. A professora goiana substituirá o político Faisal Karam, que ocupará a vaga do deputado estadual Luiz Henrique Viana (PSDB) na Assembleia Legislativa.
Raquel foi duas vezes secretária estadual em Goiás, deputada federal e hoje é responsável por um programa de formação de professores em São Paulo. Durante sua gestão, o Estado do Centro-Oeste foi o único que bateu todas as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e ficou três vezes em primeiro lugar no Ideb do Ensino Médio em sete edições.
— O que fizemos lá foi um trabalho estruturado, com trabalho pedagógico, monitoramento bastante próximo de apoio às escolas. A gente fez várias coisas. Estou em São Paulo por essa razão. O sistema de monitoramento que fizemos em Goiás está sendo implementado aqui. As pesquisas provam que a formação de professores, coerência sistêmica, colaboração entre pares, foco no domínio do conteúdo são princípios que deram certo no mundo e têm dado certo onde está sendo feito no Brasil — explicou Raquel, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (11).
O Ideb é um indicador que avalia a qualidade da educação brasileira em notas que vão de zero a 10. Ele leva em conta a aprovação ou evasão dos alunos e o seu desempenho em português e matemática medido pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Na edição de 2019, o Rio Grande do Sul ganhou nota 6 para os anos iniciais do Ensino Fundamental, 4,8 para os anos finais do Fundamental, e 4,2 para o Ensino Médio. Nenhuma meta foi atingida.
Nesse sentido, a vinda de Raquel faz parte de um movimento do governador Eduardo Leite para elevar a régua dos indicadores Estado. No movimento, está incluída a mudança na forma de repasse do ICMS aos municípios, com a reserva de uma parte dos 25% para distribuição de acordo com a evolução dos indicadores de aprendizado. O projeto foi detalhado há 10 dias e está em fase de discussão com os prefeitos.
Ao afirmar não ser ingênua e estar "completamente ciente das adversidades", a professora relatou os desafios que espera encontrar no Estado diante da pandemia, que paralisa o sistema de ensino gaúcho de forma inédita. Para Raquel, "nestas situações (de adversidades), o governador é o aliado que o secretário mais precisa. Ele tem responsabilidade de definir prioridades".
— Eles vão chegar com desigualdades que a gente não pode calcular. É preciso fazer uma avaliação diagnóstica. Um estudo que mostra que este tempo de fechamento que vivemos significa quatro anos de atraso de escolaridade em uma mesma turma. Isso precisa ser discutido. Os alunos vão chegar tendo perdido pais, avós, uma merendeira pode não estar. A preparação de acolhimento sócio emocional e pedagógico vai requerer de nós um estudo, um preparo e um trabalho coletivo escolar e da sociedade em geral — analisou.
— Os desafios são muitos. Desafios que eu amo. Não vamos conseguir tudo, não vamos conseguir avançar com a velocidade que eu gostaria, mas estou muito entusiasmada — completou a professora, que assume a secretaria a partir do dia 22 de março.